Opinião: Viagem de carro
Desta vez vim de carro. Só tinha feito tal coisa sozinha no ano passado, por causa da pandemia. Quis evitar aeroportos, confusões e aviões na altura e o carro pareceu-me a opção mais segura. No entanto, não consigo fazer a viagem de uma vez – tenho de dormir uma noite no caminho.
São dois dias cansativos e esgotantes, em que chegamos ao fim do dia com desejos de estar na horizontal, com os pés para cima! O corpo chega a um ponto em que já não está bem em nenhuma posição e os olhos começam a ficar cansados da intensidade do caminho.
Mas, como eu digo, passa num instante – e encontramos várias ocupações para passar o tempo: cantar, dançar, bater palmas, pôr a música “aos berros”, comer, beber, molhar a cara – tudo serve! E no fim de chegarmos parece que foi tudo fácil e num instante…
Em termos de pegada ambiental, não sei qual será a pior opção – avião ou carro (venha o diabo e escolha) -, mas sei que nenhuma das duas é verdadeiramente ecológica. A verdade é que há vantagens em vir de carro, em detrimento da rapidez do avião: escusamos de fazer grande esforço para fazer a mala e conseguir com que tudo caiba naquele espaço. Além disso, ficamos com mais facilidade de mobilidade durante a estadia em Portugal.
O caminho é o mesmo para todos os emigrantes portugueses, que se identificam bem: alguns com malas até acima, outros ostentando a bandeira nacional nalguma parte do carro, e até com atrelados… Em França ainda se diluem com a circulação local (e respeitam minimamente os limites), mas em Espanha já não restam dúvidas de quem são e para onde vão aqueles carros maioritariamente Suíços, Luxemburgueses e Franceses. Tristemente, os que circulam a velocidades completamente proibitivas em Espanha (em França não brincam tanto) são emigrantes portugueses – de directa, a conduzir mais de 20 horas seguidas. Com famílias, crianças e cães. E com mais gente na estrada. A estrada que todos os anos leva vidas portuguesas, percebo agora porquê.
Temos pressa de chegar “a casa”, mas não pode valer tudo. Não são as estradas que são perigosas, são as pessoas!