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Opinião: Vem aí o ano do Dragão!

18 de janeiro às 09h07
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Não, não estou a falar de futebol. Estou a falar do calendário chinês ou, para ser mais correto, do calendário histórico do extremo oriente.
Dia 10 de fevereiro começa o ano do Dragão. Segundo os astrólogos do oriente — e se alguém achar que é o que eu faço este jornal arderá imediatamente — este será um ano que trará inovação e abundância. A mim, parece-me que os astrólogos do oriente leem as cartas astrológicas mas não leem os jornais, embora, no fundo, até espere que tenham razão.
Mas vamos por partes. Era preciso muita sorte para a Terra dar uma volta ao sol — aquilo que define o ano solar — num número exato de dias. No nosso calendário, chamado Gregoriano, tal demora 365 dias e um quarto, ou seja, mais 6 horas. Como mudamos de data à meia-noite e não a uma hora qualquer, é devido ao acumular 6 horas durante quatro anos que acabamos com um total de atraso de 24 horas e por isso adicionamos o famoso dia 29 de fevereiro como extra. Para quem gosta de matemática, se o ano tiver divisão inteira por 4, será ano bissexto. Para quem gosta mais de desporto, o ano dos jogos olímpicos (de verão) é bissexto. Curiosamente, chama-se bissexto porque originalmente o que se adicionava era um segundo dia 24 de fevereiro, que era o sexto dia antes das calendas de março, como os Romanos diziam, ou seja antes de começar o mês de março — como nota, os Gregos não usavam o termo calendas, nem sequer usavam todos o mesmo calendário, e é por isso que as “calendas Gregas” não têm dia definido. Em 1582 d.C., alterou-se a duplicação do dia 24 pela menos confusa inclusão do dia 29. Mas, claro que era demasiada sorte um ano solar ter um numero exato de horas ( 365×24+6 ). O extra, na verdade, é de 5 horas, 48 minutos e 45 segundos. Assim que, para bater tudo certinho, a cada 100 anos o ano que seria bissexto afinal não o será a menos que seja divisível por 400. Ou seja, o ano 2000 não seria bissexto, mas como era divisível por 400 ficou na mesma. O ano 1900 não foi, e o ano 2100, embora divisível por 4, também não será bissexto — para ficar mesmo tudo certinho é provável que se decida que o ano 4000 d.C. não seja bissexto, mas até lá está tudo bem.
Temos, então, o calendário Gregoriano bem corrigido. Mas como funciona, afinal, o calendário chinês? O calendário chinês tem os meses definidos pelas fases da lua. Os meses começam no dia da lua nova — para quem ainda tem um calendário do talho lá em casa, este deve mostrar também as fases da lua. E como a lua demora cerca de 29,5 dias a repetir a fase, basta alternar meses de 29 dias com meses de 30 dias e a coisa vai batendo certo. Qual é o problema? O problema é que a soma destes 12 meses ( 6 de 29 dias e 6 de 30 ) dá 354 dias. Menos 11 do que precisamos. Para ir batendo certo com o sol e assim o calendário ir batendo certo com as estações do ano, que só dependem do sol e não da lua, tipicamente, a cada 3 anos (mas com o exceções) o calendário chinês adiciona um mês extra. E assim, o ano chinês começa sempre ou numa lua nova de janeiro ou numa de fevereiro e os meses nunca estão muito distantes das estações do ano.
Hoje em dia, este calendário histórico serve apenas para a celebração de festividades, sendo que oficialmente, desde finais do século XIX e princípios do séc. XX, todo o extremo oriente usa o calendário Gregoriano, tal como nós. Curiosamente, no calendário Gregoriano, ainda mantemos o a data da Páscoa associada a fases da lua, e com isso o muda também o Entrudo, a Quarta-Feira de Cinzas, o Pentecostes e o Corpo de Deus. Mas, por agora, celebremos o ano do Dragão durante três dias aproveitando o fim de semana do Carnaval.

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