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Opinião: Um (novo) modelo de liderança e de gestão

11 de outubro às 13h19
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Muitos dos aspetos mais determinantes da vida dependem de pequenos pormenores, pequenos nadas que são tudo. Num tempo tão massificado e tão técnico, há palavras e gestos que fazem toda a diferença.
A primeira regra é que todas as pessoas têm a mesma dignidade e o mesmo direito de serem escutadas e acolhidas. Não há senhores e escravos, doutores e empregadas domésticas… há pessoas, com um nome e com uma vida concreta.
Quem despreza as pessoas acabará desprezado; quem não escuta os outros acabará a falar sozinho; quem ignora os outros acabará esquecido; que não cuida dos outros acabará descuidado; quem não conta com o contributo dos outros acabará dispensado. Isto é transversal às instituições, às famílias, à política, à Igreja…
O Papa Francisco sabe que na Igreja há muito clericalismo, muito abuso de poder, muita autorreferência e muito ‘autismo’. Por isso, propõe um Sínodo sobre a própria sinodalidade – ‘caminhar juntos’. Ou seja, propõe que a sinodalidade seja o (único) método e modo de trabalho na Igreja. Este itinerário iniciou-se oficialmente nos dias 9-10 de outubro em Roma e será replicado em cada diocese no próximo dia 17 de outubro.
Isto é uma enorme revolução – silenciosa e transformadora. Trata-se de assumir que não é possível fazer nenhum trabalho de liderança na Igreja que não comece na escuta alargada das pessoas. Uma escuta que leve à participação e que crie dinamismos de comunhão. Comunhão e Participação que há de conduzir à Missão.
A melhor liderança envolve as pessoas, procura o melhor de cada um, promove um olhar positivo sobre a realidade e vive o presente como um desafio cheio de esperança.
Quem humilha, quem está sempre a reclamar, quem só sabe ver os erros dos outros, quem se julga único e insubstituível… provará, mais cedo do que imagina, o amargo das suas palavras e gestos.
Quanto amor coloquei no que fiz? Que marcas deixei na vida das pessoas, nas Instituições e na sociedade? Que laços reais construi? Que forças positivas desencadeei? Que fiz acontecer no lugar que me foi confiado? (cf. Papa Francisco, Fratelli Tutti, 197 )

Nota final – Vergonha é a única palavra que podemos dizer diante do relatório francês que revela que uma em cada dez criança foi abusada. A vergonha maior decorre do facto de esses abusos serem maioritariamente na família e nas Instituições Religiosas. As crianças mereciam muito mais dos adultos e destas Instituições!

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