Opinião: Avaliação dos serviços de saúde

Maravilha ter vivido, sobrevivido, a mais um ano. Ano esse carregadinho de dificuldades para todos – nestas coisas alguns felizardos sofrem menos, e ainda bem – que tão bem conseguimos ultrapassar e espreitar o futuro com alguma boa confiança.
Ano novo vida nova precisa-se. Em vários domínios como se costuma dizer, já que o conceito de políticas públicas não é observado.
Penso mesmo que esbanjamos muitos milhões de euros, sem retirar das organizações tudo o que possam e consigam dar à sociedade.
Urge por isso no e para o futuro, que exista avaliação de políticas públicas, única forma dos contribuintes, os cidadãos, perceberem onde é aplicado o seu dinheiro.
Esta avaliação, corresponde à inclusão de avaliações políticas, avaliação de programas, avaliação de planos, entre outras, que garanta que se esteja adequada aos objectivos a atingir, assim como a sua qualidade em eficiência, eficácia, conformidade e legitimidade.
A sua apreciação independente poderá justificar revisões e alterações, reformulações e, no limite, a extinção de serviços, ou, para não ser tão radical, a sua substituição por instrumentos públicos de outra natureza.
Todas as metodologias de avaliação são boas se forem claras e rigorosas.
Tem de existir um amplo debate na sociedade sobre políticas públicas e qual o papel do Estado.
Se nos concentrarmos, agora, sobre as questões que envolvem a saúde, percebemos que a confusão é total e alarmante, dado que parece ter havido uma enorme falta de controle sobre os vários agentes.
Os cidadãos necessitam de uma política de saúde que se centre e concentre no doente, e não naquilo a que se costuma designar por corporações.
Todos têm interesses particulares e de grupo. É certo e indesmentível. Mas quando se reivindica que as políticas de saúde deverão sempre privilegiar o comum do cidadão, o doente, as preocupações estão alicerçadas nas grelhas salariais.
É absolutamente decisivo que não se dê a proletarização dos médicos e outros agentes, dado que é decisivo motivar e estimular para o trabalho e dedicação, se não exclusiva, que aponte para tal.
Lendo notícias, ouvindo opiniões de pessoas qualificadas, percebe-se que o Estado está a perder para as instituições privadas, estas, sem capacidade de investimento para fazer face às mais variadas solicitações.
Assim, quando a coisa fica difícil, o doente vai para o Serviço Nacional de Saúde, dado que é obrigação do Estado atender ao investimento para acudir às necessidades das pessoas.
Quando se exerce actividade na pública e na privada, pode facilmente chegar-se à conclusão, que o agente não está comprometido com nenhuma das instituições.
Na saúde como em qualquer outra actividade, o compromisso faz parte de qualquer trabalho – actividade profissional – seja ele mais ou menos qualificado.
Quando a gestão – os vários órgãos de gestão – dos serviços de saúde não comunicam entre si, se não refletem nos seus actos princípios de solidariedade e respeito, quando é abandonado ou deitado ao lixo material de elevada qualidade que custou milhões ao erário público, então, Portugal está a precisar que se julguem práticas, porque de carácter, estamos conversados.
Vivemos numa época em que a pandemia é desculpa e argumento para tudo o que corre mal na sociedade portuguesa. A pandemia tem as costas largas!
Espera-se então do futuro governo de Portugal que transmita confiança aos cidadãos, e seja determinado na avaliação da gestão de muitos serviços de saúde pública.
E não inicie essa plataforma de avaliação pelos mais pequenos. Avance para os grandes, que é aí que as grandes questões se colocam.
Portugal na débil situação financeira em que vive, não se pode dar ao luxo do desperdício.