Opinião: Grande Prémio de Macau

Desde que resido em Macau, que o mês de novembro adquiriu uma importância, ainda mais especial. Se antes era o mês do meu aniversário, agora passou a ser o mês do GP de Macau.
De facto, desde que aqui cheguei, este é, sem qualquer hesitação, o melhor fim-de-semana do ano no Território.
A cidade reconfigura-se, ganha novas cores, animação extra e mais que tudo, adquire pinceladas de contemporaneidade e verdadeira internacionalização.
Considerado por muitos, o melhor circuito urbano do mundo, o GP de Macau nasceu em 1954, a partir da vontade de três amigos, que sentados à mesa do café do Hotel Riviera, idealizaram uma caça ao tesouro, a qual implicaria serpentear as estradas empoeiradas de Macau, através de uma corrida de automóveis.
Com a ajuda do suíço Paul Dutoit do Clube de Desportos Motorizados de Hong Kong, rapidamente perceberam que o, hoje, mundialmente conhecido circuito da Guia, não poderia ser nada menos que um Grand Prix.
Desde esse ano até aos dias de hoje, o Grande Prémio foi ganhando consistência e notoriedade, atingindo a maioridade internacional quando a F3 passou a porta de entrada para a F1, transformando-se num marco obrigatório em qualquer portefólio de um jovem piloto, com sonhos a campeão de F1, especialmente após 1983, quando um anónimo chamado Ayrton Senna foi o rei do circuito da Guia. A seguir, Michael Schumacher, David Coulthard e Ralf Schumacher, foram somente alguns dos campeões em Macau que todos nos fomos acostumando a idolatrar na F1.
Classificado pelo Governo como o maior cartaz turístico da RAEM, o circuito da Guia cativa-nos à primeira vista, aliando o incontornável exotismo geográfico ao desenho ímpar dos seus contornos, razão pela qual se mantém, praticamente, inalterado desde a sua origem.
Macau cresceu, transformou água em aterros, mas respeitou, imaculadamente, o traçado do GP como se de um circuito sagrado se tratasse, alma motorizada da cidade, “fábrica de campeões” que todos querem pisar, sentir, experienciar.
É um privilégio viver Macau no seu melhor fim-de-semana do ano e fazer (ainda que ínfima) parte de uma história singular, polvilhada de cor, drama, sacrifício, poesia, glória, entusiasmo, campeões mas, acima de tudo, carregada de heróis!