Estudo revela que massa gorda aumenta probabilidade de alergia a fármacos
Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) concluiu que a percentagem de massa gorda, um dos vários indicadores de obesidade, faz aumentar a probabilidade de reações alérgicas a medicamentos.
“Constatamos com este estudo que quanto maior for a percentagem de massa gorda de uma pessoa, maior é a probabilidade de apresentar alergias a fármacos”, afirmou hoje Laura Ribeiro, professora da FMUP e coordenadora deste trabalho.
O estudo em questão avaliou 84 doentes recrutados num hospital universitário português, sendo que mais de metade do grupo apresentava indicadores reveladores de obesidade.
Os resultados dos procedimentos de diagnóstico confirmaram a existência de alergia a fármacos em 39 doentes, os quais, segundo Laura Ribeiro, “apresentavam vários marcadores de obesidade significativamente superiores relativamente aos restantes indivíduos”.
Em comunicado, a imunoalergologista Eunice Dias de Castro, primeira autora do estudo, salienta que apesar das reações alérgicas a fármacos serem relativamente pouco comuns quando comparadas com outras reações adversas, “são imprevisíveis e potencialmente graves, podendo mesmo ser fatais para o doente”.
A identificação de potenciais fatores de risco, como é o caso da obesidade, “pode permitir tornar estas reações um pouco mais ‘previsíveis’, e ainda adaptar os protocolos de estudo de alergia a fármacos, habitualmente muito extensos, de acordo com o perfil de risco de cada doente”, refere.
“O reconhecimento de doentes obesos ou com maiores indicadores de obesidade como um grupo de risco para a alergia a fármacos poderá, na prática clínica, permitir adequar os protocolos de atuação e estudo e conduzir a estratégias de intervenção multidisciplinares”, anteveem as duas investigadoras.
Frequentemente associada às doenças cardiovasculares e a outras condições não diretamente relacionadas com a reação alérgica a fármacos, Eunice Dias de Castro refere que a obesidade “é uma epidemia nos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento que requer a intensificação das medidas de combate”.
“O estudo veio revelar que essas medidas podem acarretar benefícios para outras doenças com as quais pensaríamos não existir qualquer tipo de associação com a obesidade”, acrescenta a investigadora da FMUP.