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Castelo de Buarcos gerido pelo município da Figueira da Foz durante 25 anos

04 de janeiro às 13h02
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Foto DR- https://www.guiadacidade.pt/

Os proprietários das ruínas da Torre de Redondos, conhecida como castelo de Buarcos, vão assinar um contrato de comodato com o município da Figueira da Foz, que ficará com a gestão daquele monumento por 25 anos.

A proposta de contrato, que será presente à reunião da autarquia para aprovação, na quarta-feira, visa um projeto de recuperação e valorização do monumento do século XI – localizado no topo da vila piscatória de Buarcos, com vista para a praia e foz do rio Mondego e classificado como imóvel de interesse municipal – desenvolvido pelo anterior executivo camarário.

Em declarações à agência Lusa, Vítor Guedes, da família proprietária da Torre de Redondos e terreno circundante, afirmou que as ruínas do imóvel de arquitetura militar – que fizeram parte de um sistema de defesa da povoação na época medieval e chegaram, mais tarde, a estar na posse do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra – foram adquiridas em hasta pública, no século XIX, por um seu antepassado, José Joaquim Guedes, após a extinção das ordens religiosas em 1834.

“Sempre soube que era da minha família, mas a compra em hasta pública no século XIX não é, obviamente, da minha memória, nem era da do meu pai ou avô”, ambos já falecidos, frisou Vítor Guedes.

“Na família, nunca fizemos partilhas, está tudo indiviso. Isto vem antes do meu avô, o pai do meu avô [bisavô] também era José Joaquim Guedes e não tenho a certeza se já não vinha do pai dele”, acrescentou.

Vítor Guedes notou, por outro lado, que o terreno onde estão as ruínas do chamado castelo de Buarcos “era muito maior do que é” atualmente.

“As pessoas foram-se apropriando de terrenos que eram nossos, até a Câmara o fez, foram fazendo muros, alargando as estradas à volta e foi encolhendo o terreno”, disse.

Sobre o contrato de comodato que visa a cedência gratuita ao município, mais de 40 anos depois de um pedido de doação por parte da autarquia que não foi avante, Vítor Guedes concorda com a solução agora encontrada: “A Câmara tem um projeto cultural para aquilo e, de facto, não cabe aos privados fazer e também não estão vocacionados para isso. E se o município se propõe fazê-lo, não vejo qual é o inconveniente da colaboração com os privados, nesta medida”, argumentou.

“Até porque estamos a falar num prazo largo de tempo de 25 anos”, continuou Vítor Guedes, que é advogado e chegou a ser vereador camarário.

“Se os privados têm património onde o Estado ou as entidades públicas querem, de alguma forma, desenvolver projetos, não acho mal. Isto, aliás, estava tudo acertado com o executivo anterior, mas como foi ultimado muito em cima, já, do fim do mandato, passou para este executivo”, observou.

As ruínas da Torre de Redondos, o monumento mais antigo da freguesia de Buarcos e um dos mais antigos do concelho da Figueira da Foz, foram classificadas como de valor concelhio no início da década de 1970. Em 1978, o primeiro executivo camarário eleito depois do 25 de Abril fez aos proprietários um pedido de doação do terreno ao município, que não obteve resposta e viria a ser arquivado uns meses mais tarde, já em 1979.

Segundo informação constante na página de internet da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), a Torre de Redondos “é, na realidade, a ruína de uma fortaleza medieval, correspondendo a um maciço cunhal de uma torre de vigia”, e, embora o seu ano de edificação seja desconhecido, “datará certamente do século XI, uma vez que em 1096 foi feita a primeira referência a esta fortaleza, numa doação do Abade Pedro à Sé de Coimbra”.

A mesma publicação da DGPC refere que com o desenvolvimento de novas tipologias defensivas e a introdução das armas de fogo, “as atalaias medievais tornaram-se obsoletas, para além de serem alvos fáceis dos ataques corsários”.

Em 1570, iniciou-se a construção da Fortaleza de Buarcos, no sopé da vila, junto ao mar, cuja edificação se estendeu até ao século XVII, e a torre de Redondos foi “perdendo a sua importância estratégica e acabou por se arruinar”.

Em 1854, ainda segundo a DGPC, “o ministério das Obras Públicas ordenou a sua demolição, tendo sido poupado apenas o cunhal que hoje se encontra erigido, para ser utilizado como marca marítima e também para medições topográficas e geodésicas”.

A Torre de Redondos integrava uma lista de monumentos de valor concelhio constantes num decreto-lei publicado em 1996, classificação patrimonial que foi convertida para Imóvel de Interesse Municipal, de acordo com nova legislação, cinco anos mais tarde, em 2001.

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