Opinião: Silver Economy: fator de diferenciação!

A pirâmide etária em Portugal é clara: a população portuguesa está bastante envelhecida. Quase 55% tem 45 anos ou mais de idade, sendo que 25% já tem 65 anos ou mais (são cerca de 2,5 milhões de pessoas!). Atualmente, cerca de 27% tem entre 20 e 44 anos e apenas 18% tem menos de 20. A evolução populacional reflete-se em várias dimensões: para além do aumento da idade mediana de 38,5 para 47, a população com 65+ tem crescido cerca de 2% ao ano, desde 2019. O nosso país é o 2º da U.E. com maior índice de envelhecimento e é, a par da Itália, o país da União Europeia com maior percentagem de população idosa, com quase o dobro dos idosos face aos jovens: são 186 idosos por cada 100 jovens. Somos atualmente o 4º país do mundo com maior proporção de população idosa. Estas alterações demográficas implicam várias mudanças na saúde ou nas prestações sociais, mas também na economia.
É neste contexto que vemos o crescimento da “silver economy”, que descreve conjunto de atividades relacionadas com o envelhecimento da população, abrangendo produtos, serviços e inovações voltados para pessoas com 50 ou mais anos. Este segmento tem vindo a ganhar destaque em diversos países europeus, que apresentam tanto desafios como oportunidades significativas: a crescente procura por soluções que promovam um envelhecimento ativo e com qualidade de vida, impulsiona a inovação e o desenvolvimento de políticas focadas em responder às necessidades desta faixa etária. A “silver economy” emerge como um setor estratégico para o crescimento económico, a inclusão social e a sustentabilidade. É já quase unanime que deve assumir um papel fundamental no futuro de Portugal.
Considero que vários setores podem responder a esta oportunidade. Listo apenas alguns exemplos no âmbito da Saúde/Bem-Estar:
• Cuidados domiciliários, Telemedicina e tecnologias de monitorização de saúde. Serviços para envelhecimento ativo como a ginástica adaptada ou a nutrição personalizada.
Outro sector que pode dar cartas no nosso país, é o Turismo:
• Turismo acessível com programas adaptados e turismo de saúde como termas ou reabilitação pós-cirúrgica. Outras oportunidades podem estar em programas de “long stay” para estrangeiros, “co-housing” ou residências partilhadas para idosos ativos.
Com uma população cada vez mais apta para a digitalização, temos na Tecnologia:
• Dispositivos de assistência (ex.: monitorização de saúde, casas inteligentes) ou plataformas digitais para socialização/educação contínua, Aplicações para gestão de medicamentos e acompanhamento remoto.
Iremos testemunhar um aumento da procura por produtos personalizados e uma maior necessidade de formação especializada para profissionais de apoio aos idosos. Outros iniciativas, como o combate à solidão e ao isolamento, poderão gerar iniciativas sociais inovadoras.
Penso que iremos também assistir a mais empreendedores que irão lançar empresas em idade cada vez mais avançadas, tirando partido da sua experiência e usando-a como um trunfo: maior conhecimento, proximidade com o público-alvo e melhor entendimento dos problemas e desafios a resolver para montar um negócio sustentável.
A Região Centro tem condições de para liderar um movimento que reconfigure a forma como olhamos estes desafios. Estamos no momento de olhar a longevidade como oportunidade! Como exemplos temos a Universidade de Coimbra que lidera o consórcio Ageing@Coimbra e o M.I.A. (Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento), o primeiro centro de investigação no sul da Europa a centrar-se estudo molecular e biológico do envelhecimento. A CCDRC também tem já várias iniciativas como o Portal “Envelhecimento ao Centro” (www.envelhecimentoaocentro.ccdrc.pt )onde disponibiliza uma vasta gama de recursos e informações relacionadas com o envelhecimento ativo e saudável, incluindo um catálogo de boas práticas, ou o Prémio de Boas Práticas de Envelhecimento Ativo e Saudável.
Coimbra é agora o epicentro de um projeto que está a dinamizar a primeira incubadora de Empreendedorismo Sénior e de Impacto na região. Com o apoio do Portugal Inovação Social, é uma iniciativa conjunta da IPNincubadora, da Fundação Bissaya Barreto e da Coimbra Coolectiva, e conta com o apoio da Black Monster Media, C.M. Coimbra, Climacer e Global Health Company. O programa Factor C’Idade destina-se a pessoas com mais de 50 anos que queiram transformar uma ideia num negócio. Está também aberto a qualquer pessoa, independentemente da idade, interessada em promover um projeto social que contribua para o envelhecimento ativo e saudável, ou empresas que queiram lançar novos produtos para esta economia da longevidade.
Fator C’Idade é uma oportunidade única e 100% gratuita para transformar ideias em impacto. É aberto a pessoas de todas as idades e percursos, este programa incentiva a partilha, a criatividade e a construção de soluções inovadoras para um envelhecimento ativo e saudável.
No próximo sábado dia 29 de Março, nas instalações da Fundação Bissaya Barreto, decorre o primeiro evento de aceleração de ideias. As inscrições estão abertas até ao dia 27 e podem ser realizadas no site oficial:
www.fatorcidade.pt