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Opinião: Para que serve um político?

09 de março às 11h11
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Carlos Henriques

Uma mulher de 117 anos, que sobreviveu a duas guerras mundiais e às pandemias da gripe espanhola e da covid-19, revelou esta semana que a longevidade não depende só de “sorte” e “bons genes”. Esta senhora, que reside há 23 anos no mesmo lar, na Catalunha, apontou a ordem, tranquilidade, bom relacionamento com a família e os amigos, contacto com a Natureza, estabilidade emocional, sem preocupações, sem arrependimento, muito positivismo e o “afastamento de pessoas tóxicas” como essencial para uma vida longa e feliz.
Na Mundo atual, estas palavras convidam-nos a uma reflexão, assim como uma outra citação, partilhada também esta semana por uma pessoa amiga, do escritor norte-americano Kurt Vonnegut, quando em meados do século XX questionava o que estavam as pessoas a fazer nos dias 6 e 9 de agosto de 1945 quando os Estados Unidos detonaram duas bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, respetivamente, matando mais de 200 mil pessoas, na sua maioria civis.
“Não consigo lembrar o que o Frank tinha na jarra naquele dia, mas lembro de outras lutas de insetos que organizamos mais tarde: um besouro contra cem formigas vermelhas, uma centopeia contra três aranhas, formigas vermelhas contra formigas pretas. Os insetos não atacam [uns aos outros] a menos que se continue a abanar a jarra”.
Nesse sentido, quem estará a “abanar” o frasco para que as sociedades humanas não possam também coexistir pacificamente atualmente sem se atacarem uns aos outros, questionou o meu amigo.
Quando ligo a televisão, só vejo gente na rua a protestar em Portugal. Até já se vê protestos em embarcações de pesca a falar para os peixes… E o crime, é suficiente para encher uma página de um jornal diário local.
Neste país de Mandela, considerado o mais violento do mundo, não há eletricidade, água, empregos, e até carris para os comboios públicos circularem, mas não existe repressão policial. Pode-se ir à vontade com a família a um estádio de futebol sem ter que apanhar a uma carga de porrada policial ou ser obrigado a caminhar numa “caixa de segurança” até ao estádio. Todavia, no último trimestre de 2023, a economia mais desenvolvida do continente registou um crescimento económico de 0,1%, elevando para 0,6% o PIB anual, o que quer dizer que os sul-africanos estão novamente mais pobres.
Então, para que serve um político se não há crescimento económico, serviços públicos de qualidade, ordem social, tranquilidade, segurança, respeito, emprego, salários e valorização profissional, a que todos temos direito por igual para viver em democracia?

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