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Opinião: Os desafios (ainda) sem resposta da tecnologia

07 de março às 09h28
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A manipulação da realidade é um problema que a tecnologia potenciou. O chamado “deep fake” é uma dessas formas de manipulação, bastante eficaz por conseguir enganar ao colocar, em vídeo ou imagens, pessoas reais a proferir afirmações que estas nunca proferiram. Ou até mesmo criando efeitos, substituindo a cara e colocando palavras nestas pessoas, algo que um “polígrafo” consegue detetar.
O recurso à Inteligência Artificial (IA) permite atualmente efeitos tão realistas que, a olho nu, se tornam impossíveis de identificar e que conseguem iludir e induzir falsidades. E esta é também mais uma faceta menos boa que tecnologia e neste caso a IA nos trouxe – conteúdo que pode enganar o público, colocando em risco a integridade da informação.
No próximo dia 10 de março teremos de novo eleições. Neste ano de 2024, cerca de 40 países irão ter eleições, o que significa que aproximadamente metade da população mundial com direito de voto será chamada a votar como recordou recentemente o secretário-geral da ONU, António Guterres, referindo-se à necessidade de compromissos contra a desinformação nestas eleições.
Foi assim que 20 empresas tecnológicas assinaram no mês passado um acordo para impedir que notícias falsas e outros conteúdos (nomeadamente vídeos e fotografias) gerados por IA possam interferir nestas eleições. Esta decisão vem na sequência de notícias que dão conta que a quantidade de notícias falsas, com conteúdo ou intenção política, não tem parado de aumentar, estando a crescer cerca de 900% em termos anuais.
Este compromisso conjunto contra interferências eleitorais, com o nome oficial “A indústria tecnológica contra o uso enganador da IA nas eleições de 2024”, foi assinado por empresas tecnológicas como a Microsoft, Meta, Google, Amazon, Adobe, IBM, o fabricante de chips Arm, empresas de IA como a OpenAI, a aplicação de conversas Snapchat, a plataforma de vídeos TikTok e a rede social X. Será um compromisso para o combate à manipulação de informação gerada por IA e inclui a deteção e eliminação de áudios, vídeos ou imagens que possam simular atores relevantes nas eleições, bem como conteúdos com falsidades que visem influenciar os eleitores.
Deep fakes podem interferir nestes processos de várias formas, afetando tanto a perceção pública sobre os candidatos quanto a integridade da informação que circula durante o período eleitoral. Daqui advém a responsabilidade de garantir que essas ferramentas não se tornem armas nas eleições.
A tecnologia trouxe desde sempre desafios que muitas vezes nos deixam sem resposta, pelo menos durante algum tempo e Deep fakes contribuem efetivamente para a desinformação e para a redução da confiança, fazendo com que duvidemos da veracidade da informação. Mesmo quando se trata de conteúdo verdadeiro, pode prejudicar a tomada de decisões. Importa desenvolver tecnologias de deteção e também que os meios de comunicação contribuam para a verificação dos factos e para a sua desmistificação.

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