Opinião: Liderança em tempos de incerteza

Falar de liderança em outubro de 2021 é essencial para repensarmos as empresas e os processos de resposta às mudanças que atravessamos. Não é novidade que a pandemia alterou drasticamente o quotidiano das organizações. A sociedade mudou e o papel das lideranças foi posto à prova.
Nas empresas este desafio é redobrado: por um lado entender e responder às mudanças que o mercado exige (digitalização, sustentabilidade, etc.); por outro entender os novos desafios na gestão e motivações das próprias equipas.
Durante os últimos meses, cada um passou por um período onde se questionou e, neste processo, muitos de nós acabaram por mudar as suas convicções e visão do futuro. Para as empresas, este processo individual de cada trabalhador foi acompanhado por transformações coletivas, como o teletrabalho, que mudaram a própria cultura organizacional: ao perder-se em parte o “ambiente do escritório”, a motivação das equipas tornou-se um desafio ainda maior. Num estudo publicado pelo IBM Institute for Business Value, fica bem evidente a diferença de pontos de vista: quando questionados sobre o suporte dado pelas empresas na questão da saúde física e emocional, 80% dos gestores afirmaram que a empresa estava a dar, mas entre os colaboradores foi de apenas 46%. E, em relação ao tópico da formação adequada para trabalhar num cenário de pandemia, 74% dos gestores disseram que sim, versus apenas 38% dos empregados….
Não foi o papel do líder que mudou. A liderança empresarial continua a ser capacidade de influenciar a equipa a alcançar metas e fazer o melhor uso dos recursos disponíveis. O que mudou foi o que se espera do líder: além da visão, honestidade e organização, as preocupações têm também de estar focadas na saúde física, mental e desenvolvimento pessoal de cada colaborador. Cada empresário, gestor ou líder, tem assim de encontrar estratégias e integrar a inteligência emocional na gestão das suas equipas. Estas podem passar estar atento às necessidades de cada olaborador, numa escuta ativa e interessada; por criar canais de comunicação mais transparentes ou por potenciar o espírito de equipa em torno de objetivos e missões com impacto social.
As startups tecnológicas são um exemplo destas práticas e a prova que é possível crescer e ter sucesso com estruturas mais flexíveis e menos centralizadas. Hoje, é evidente que a inovação e a excelência dependem claramente de um ambiente em que todos se sintam encorajados pelas lideranças. Nestes tempos de incerteza, a ação prioritária de um líder é a promoção de um ambiente psicologicamente seguro, em que se possam propor soluções sem receio de críticas, com inclusão de todos e feedback que estabeleça uma cultura mais colaborativa.
A empatia, mais do que nunca, é um dos maiores atributos de gestão. O autor Simon Sinek cunhou a frase e relembra-nos que: 100% dos clientes são pessoas. 100% dos funcionários são pessoas. Se não entender de pessoas, não entende de negócios.
A liderança não é algo que se faz aos outros, é algo se faz com os outros.