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Opinião: Há tiranos de direita e de esquerda

23 de abril às 12h00
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Esclarecer um pormenor importante. Não acredito que Zelinski seja fascista. Não acredito que Marine Le Pen seja fascista. É falso que no sangue de Ventura exista um glóbulo tirano. Já no sangue do Magalhães que criou uma lei para silenciar as verdades alheias vejo um sangue viscoso. É incompreensível que a esquerda precise mais que a direita de gerir o que são falsidades e verdades.
Esclarecer outro ponto: acredito que a demagogia está no seu auge quando construímos adjectivos em vez de discutir argumentos. Outro pilar importante é que o medo sempre foi um argumento dos totalitários contra outros iguais. “Eles comem crianças”, “são bárbaros que não respeitam nada”, “são racistas e xenófobos”. Tudo frases feitas e sem qualquer substância nos factos. Decompor o que se diz não revela o que se pensa e faz, por isso, conheço muito vigarista que é comunista, muito ladrão que é católico praticante, muito agressor de mulheres que é educado e cursou universidade. Acredito que as democracias aprenderam a lidar com deslizes autoritários e por isso sobrevivem a votações em tolos, em tontos, em totós.
A democracia é (repito-me) o poder das instituições garantindo os direitos dos cidadãos. Há demagogia nos adjectivos qualificativos para apoucar adversários conservadores. Usam o medo do fascismo, o temor das coisas bárbaras de há cem anos para fazer tremer o eleitorado. Há tiranos de direita e de esquerda, há poder em mãos erradas a oeste e a sul e a norte e a leste. As democracias verdadeiras são controladas por instituições não dependentes do voto popular. As balizas dos desejos totalitários, do control do Estado pelas famílias, o nepotismo.
Por isso a maioria devia querer garantir essas instituições e mudar a lei eleitoral em benefício da virtude. Um círculo que usasse os votos que se perdem nas circunscrições mais pequenas, um foco em qualificar e tornar efectivos todos os votos, sem benefício dos grandes partidos. Mas isso, o Centro não quer.
Por isso temos maiorias absolutas à custa de 21% dos eleitores. Não ter elegido para uma mesa da Assembleia da República o Chega e a Iniciativa Liberal é um sintoma de dificuldade com o contraditório. É bom que na Procuradoria, na Judiciária, no Supremo esteja gente de carreira, qualificada, não forçosamente do partido do poder. Gostava de ter gente melhor para votar livremente. Estou farto da arrogância, da petulância, dos “pilares da virtude”, dos donos da verdade, e isso aproxima-me dos zangados que vestem coletes amarelos. Mácron é um arrogante, um jactante, um sobranceiro, de uma vaidade materializada em carne. Diz-se que foi a sua gente que impediu Le Pen de se financiar em bancos franceses e que terá usado informação dos documentos confidenciais das propostas para uso político.
Dizem que por essa razão Le Pen se financiou num banco russo. Depois foi acusada de ir ao banco russo. É como cortar-me a luz e prender-me porque acendi uma vela. A realidade é muito dura para os franceses que domingo vão escolher, é uma repetição da tristeza que percorre as nações onde muitos inapropriados são guindados ao poder. Como surgem estas pessoas todas na liderança de países? Duterte, Bolsonaro, Trump, Mácron, Erdogan, Putin, Orlando Hernandez, Maduro, Jacinda Ardern, Justin Trudeau… glóbulos tiranos percorrendo seus vasos sanguíneos. A democracia do voto se escolher Le Pen não está em perigo, porque a democracia institucional garantirá os deveres da cidadania.

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