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Opinião: Há sempre alguém que resiste

02 de março às 10h51
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Neste mês de março, em que se celebra o Dia do Estudante, completam-se 60 anos da crise académica de 1962.

Ao olhar para a história das lutas estudantis, entre as quais as crises de 1962 e de 1969, identifica-se a preponderância do papel da Academia de Coimbra.

Em 1962, quando a relação entre os estudantes universitários e o Estado Novo se foi agravando e a tensão foi aumentando, os estudantes não se calaram.

Mesmo sob repressão, as Associações Académicas não pararam.

Mesmo quando proibidas de o fazer, assinalaram o Dia do Estudante a 24 de março, acabando por ver os seus esforços travados pelas forças policiais.

Mas algo que na altura não parava, e agora também não parará, é a irreverência e a vontade de serem ouvidos.

É isto que caracteriza o movimento estudantil.

Em tempos, como resposta à opressão, realizavam-se greves, convívios e manifestações de rua que eram duramente reprimidas.

Existe atualmente uma ideia generalizada de que o movimento estudantil se encontra enfraquecido.

Cabe a todo o movimento estudantil mostrar que isso não é verdade.

Muitas são as causas pelas quais temos de lutar, em conjunto, com força: por mais ação social, pela redução da propina, por mais acessibilidades, mais habitação digna, mais apoio à saúde mental.

O nosso papel é também o da intervenção política na sociedade.

De forma genuína, interessada e consciente, o nosso papel enquanto estudantes é o de agentes da mudança.

A nossa irreverência deve, também, ser canalizada para ações solidárias.

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia é algo demasiado premente para não receber a nossa atenção.

É também aqui que a Associação Académica de Coimbra intervém, de forma solidária, simbólica e prática.

É tempo de mostrar que o movimento estudantil está forte, quer ser valorizado e é tempo de unir forças para o bem dos estudantes.

Esta é uma causa de todo o movimento estudantil.

A revitalização do movimento estudantil depende de nós estudantes.

A defesa das lutas estudantis depende de nós, estudantes.

No mês em que se celebram 60 anos da crise académica de 1962, o mês do Dia do Estudante, o mês em que se realiza um Encontro Nacional de Direções Associativas, este pode ser um momento de reafirmação de todo o movimento estudantil.

Os tempos mudam e as causas também, mas o que não pode mudar é a vontade de fazer diferente, de fazer melhor.

É por isso que o movimento estudantil, com o papel vital que tem, resiste.

E tem de resistir.

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