Opinião: Há sempre alguém que resiste

Neste mês de março, em que se celebra o Dia do Estudante, completam-se 60 anos da crise académica de 1962.
Ao olhar para a história das lutas estudantis, entre as quais as crises de 1962 e de 1969, identifica-se a preponderância do papel da Academia de Coimbra.
Em 1962, quando a relação entre os estudantes universitários e o Estado Novo se foi agravando e a tensão foi aumentando, os estudantes não se calaram.
Mesmo sob repressão, as Associações Académicas não pararam.
Mesmo quando proibidas de o fazer, assinalaram o Dia do Estudante a 24 de março, acabando por ver os seus esforços travados pelas forças policiais.
Mas algo que na altura não parava, e agora também não parará, é a irreverência e a vontade de serem ouvidos.
É isto que caracteriza o movimento estudantil.
Em tempos, como resposta à opressão, realizavam-se greves, convívios e manifestações de rua que eram duramente reprimidas.
Existe atualmente uma ideia generalizada de que o movimento estudantil se encontra enfraquecido.
Cabe a todo o movimento estudantil mostrar que isso não é verdade.
Muitas são as causas pelas quais temos de lutar, em conjunto, com força: por mais ação social, pela redução da propina, por mais acessibilidades, mais habitação digna, mais apoio à saúde mental.
O nosso papel é também o da intervenção política na sociedade.
De forma genuína, interessada e consciente, o nosso papel enquanto estudantes é o de agentes da mudança.
A nossa irreverência deve, também, ser canalizada para ações solidárias.
O conflito entre a Rússia e a Ucrânia é algo demasiado premente para não receber a nossa atenção.
É também aqui que a Associação Académica de Coimbra intervém, de forma solidária, simbólica e prática.
É tempo de mostrar que o movimento estudantil está forte, quer ser valorizado e é tempo de unir forças para o bem dos estudantes.
Esta é uma causa de todo o movimento estudantil.
A revitalização do movimento estudantil depende de nós estudantes.
A defesa das lutas estudantis depende de nós, estudantes.
No mês em que se celebram 60 anos da crise académica de 1962, o mês do Dia do Estudante, o mês em que se realiza um Encontro Nacional de Direções Associativas, este pode ser um momento de reafirmação de todo o movimento estudantil.
Os tempos mudam e as causas também, mas o que não pode mudar é a vontade de fazer diferente, de fazer melhor.
É por isso que o movimento estudantil, com o papel vital que tem, resiste.
E tem de resistir.