Opinião: Há mais vida para além do voto!
Será a primeira vez na história da “minha” democracia, que me arrisco a não votar.
Tenho várias razões para tal, mas, a principal e decisiva cinge-se ao facto da generalidade dos partidos políticos, nomeadamente os que têm sido chamados a governar, com geringonça ou sem ela, nunca terem dado atenção, especial atenção, ao desporto e à sua prática desportiva.
Existem muitos trabalhos de investigação que determinam que a prática desportiva dos jovens é, mais do que importante, determinante no seu crescimento e desenvolvimento.
O Estado importa-se pouco com as consequências nefastas da não regular prática desportiva.
Todos sabemos que a inactividade física provoca a perda de muitos dias de trabalho, de mortes prematuras, de um decréscimo da saúde dos cidadãos, o que provoca cada vez mais investimento no Serviço Nacional de Saúde…barato, como se constacta!
O interior do país é o mais sacrificado. Nem os kms de autoestrada trouxeram mais qualificações nem maior e melhor prática desportiva.
O Estado, por si só, é incapaz de corresponder às exigências dos territórios de baixa densidade.
Não existe um modelo, seja ele qual for, porque pior que um mau modelo é não haver modelo – e isto é transversal a qualquer política de desenvolvimento de qualquer área – que determine com clareza a articulação entre o “desporto escolar, o desporto federado e o desporto autárquico”!
A iniciação desportiva deveria pertencer à escola, a especialização ao desporto federado com o apoio das autarquias.
Se nos anos anteriores à pandemia o problema da prática desportiva era grande, com a pandemia passou a ser enorme, cabendo aos clubes e movimento associativo um trabalho hercúleo para a revitalização da prática desportiva.
Pensei, muitos pensámos que com o advento do PRR, alguns milhões de euros poderiam e deveriam ser atribuídos ao desporto, no apoio a federações e associações desportivas, estas, muito próximas das famílias.
Tal assim não aconteceu. As associações desportivas com responsabilidades imensas na promoção das suas modalidades, vivem com dificuldades acrescidas com os subsídios atribuídos pelo Estado via Federações.
Já no plano escolar a desgraça ainda é maior e tende a agravar-se por falta de técnicos qualificados nas mais variadas modalidades desportivas. A organização do desporto escolar deverá passar a ser transversal, em que os vários “saberes” tenham um lugar de destaque.
Motivar e estimular para a prática desportiva não deverá apenas dizer respeito aos professores de educação física. Seria intelectualmente pouco sério atribuir-lhes tamanha responsabilidade. Esta é de todos. Estado, autarquias, movimento associativo.
No meio da “desgraceira”, salvam-se as autarquias quando lideradas por cidadãos que fizeram da prática desportiva uma actividade regular. E mesmo alguns, e não são poucos, perceberam a virtualidade do desporto embora nunca tenham praticado qualquer modalidade.
Muitos têm medo muito mais do que receio de debater questões relativas ao desporto.
É preciso ter coragem – e não será precisa muita – para colocar os pontos nos “is” e já agora os traços nos “tês”, para que os políticos competentes, sérios, determinados e com alguma teimosia, ajudem o desporto a sair da miséria – e em alguns casos lamaçal – em que está instalado.
Se não obtiver respostas, e naturalmente não obterei, dia 30 de Janeiro irei “dar uma volta ao bilhar grande” porque há mais vida para além do acto cívico de votar…porque outros se sobreporão!