Opinião: ETFs de Bitcoin
Esta quarta-feira, depois de a Securities and Exchange Commission (SEC) – a entidade equivalente à Comissão de Valores Mobiliários – ter estado reunida durante 24 horas, os Estados Unidos da América aprovaram os primeiros ETFs de Bitcoin, sem dúvida um momento marcante para a maior criptomoeda do mundo, bem como para toda a indústria criptográfica.
O que verdadeiramente se altera com esta decisão é o facto de deixar de ser necessário comprar Bitcoins para negociar criptomoedas. Agora já não vai ser preciso ter carteiras digitais ou contas em plataformas de negociação de criptografia, porque existe a alternativa dos ETFs, que são fundos negociados em bolsa. Um ETF permite investir em activos sem ter de efectivamente os comprar. Dando um exemplo, um ETF indexado ao preço do ouro permite investir em ouro sem ter de comprar uma barra de ouro.
Um ETF – Exchange Traded Fund – é um fundo, aberto a qualquer investidor, composto por activos. Há ETFs de acções, obrigações, direccionados para sectores de actividade, mercadorias, etc…, e agora também criptomoedas. Como o ETF é um título negociável em bolsa, significa que o próprio fundo tem um preço por acção, permitindo que seja facilmente comprado e vendido ao longo do dia.
Para tentar ter uma noção do que significa esta decisão, bastou na terça-feira um tweet falso a anunciar que a SEC tinha aprovado os ETFs para o preço da Bitcoin subir mil dólares. Mas agora, na quarta-feira, o anúncio é mesmo oficial e a Bitcoin, que em Novembro de 2022 valia 16000 dólares, ontem chegou aos 46000 dólares. Aliás, desde o momento em que o rumor de que os ETFs iam mesmo ser aprovados ganhou consistência (Outubro do ano passado) que o preço da Bitcoin mais do que duplicou.
Há quem preveja que a constituição dos fundos (que irão ser geridos pelos grandes gestores de fundos, como a BlackRock, Fidelity Investments ou Invesco) vai atrair tantos biliões de dólares, que, potenciamente, o preço da Bitcoin irá atingir os 100 mil dólares.
Apesar de ter aprovado os novos ETFs, a SEC disse que ainda estava profundamente céptica em relação às criptomoedas, e que sua decisão não significava que aprovasse a Bitcoin. Gary Gensler, presidente da agência governamental, disse: “Os investidores devem permanecer cautelosos sobre a miríade de riscos associados à bitcoin e aos produtos cujo valor está vinculado à criptografia”. A comissária Caroline Crenshaw foi mais longe ao afirmar que estava “preocupada que esses produtos inundem os mercados e caiam directamente nas contas de pensionistas das famílias dos EUA, que não se podem dar ao luxo de perder as suas economias devido à fraude e manipulação que parece prevalecer nos mercados à vista de bitcoin”.