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Opinião: Entretanto, entre tantos

06 de setembro às 12h30
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Agosto passou e esta “silly season” foi bastante agitada, deixando-nos tantos assuntos que merecem reflexão: por um lado desastre político internacional do Afeganistão ; por outro as histórias inspiradoras de superação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
As Olimpíadas são um momento ímpar: um legado da Grécia antiga com dois mil anos, é hoje o maior evento mundial onde, num espírito verdadeiramente desportivo, competem atletas de todos os países, de diferentes origens e credos. Nesta celebração universalista, vemos que em torno das diferentes modalidades, as diferenças sociais se esbatem. Celebra-se a superação, o esforço individual e o espírito coletivo em torno de uma bandeira.
Não encontro melhor paralelo para o que acontece diariamente nas empresas e organizações a que cada um de nós pertence. Um dos maiores desafios de qualquer gestor é unir as suas equipas em torno de uma “bandeira” de valores e objetivos comuns. E consegui-lo sem suprimir a individualidade de cada um, valorizando cada elemento em torno do esforço comum.
Das muitas histórias destes jogos destaco duas: a grandeza do gesto do italiano Gianmarco Tamberi e do qatariano Mutaz Barshim, que decidiram não desempatar e partilharam a medalha de ouro na final de salto em altura. Um momento verdadeiramente olímpico e que nos recorda que competir é, em primeiro lugar, olhar para quem está “do outro lado”, como nosso igual.
Inspirador foi também o exemplo de coragem da pequena ginasta Simon Biles: gigante campeã que se tornou símbolo contra os abusos, o racismo e em defesa da saúde mental dos atletas. Ao assumir as suas fragilidades, relembrou-nos que os heróis são pessoas como nós.
Em Portugal, para além do Pablo Pichardo e restantes atletas, temos de dirigir a nossa admiração ao processo de vacinação e entregar a medalha ao vice-almirante Gouveia e Melo. A sua liderança assertiva deu a esta operação o “norte” que necessitava, transmitindo a todos uma confiança que se refletiu num sucesso com mais de 75% de vacinados. O primeiro agradecimento devemo-lo aos enfermeiros e profissionais que colaboraram neste esforço, mas também estender a todos portugueses que entenderam o espírito de missão e de altruísmo.
Entretanto chegámos a setembro. Este é um mês de regressos e recomeços.
É agora o momento de retomar aulas, treinos, projetos e trabalhar, quem sabe inspirados nos exemplos acima, para o futuro sonhado.
Este ano as eleições autárquicas oferecem-nos a possibilidade de escolha para a governação local e a responsabilidade de votar num projeto político para os próximos 4 anos. É um momento que considero muito importante, pois as eleições locais são a oportunidade de dar voz a todos e de expressar a ambição que temos para o futuro do local onde vivemos.
É pelo voto que muitos participam na vida política da comunidade. Mas no legado, também grego, da democracia, o processo que tem de ser mais alargado e participativo: todos somos chamados à reflexão e discussão, pois é nosso o direito (e responsabilidade) de participar dos processos, debater e decidir.
A divulgação em Julho dos resultados dos Censos 2021, deu o mote a muitos debates: nos últimos 10 anos a população total diminui 2%. Apenas as regiões de Lisboa e Algarve aumentaram ligeiramente o número de residentes, mas o impacto é bastante desigual, afetando particularmente munícios no interior e regiões como o Alentejo, que perdeu 6,9% da população, ou a região Centro que perdeu 4,3%.
A natalidade não é um problema de agora e agravou-se nestes tempos de pandemia. Portugal é o quinto país mais envelhecido do Mundo e as projeções não são animadoras: no primeiro semestre deste ano, a natalidade apresentou os valores mais baixos dos últimos 30 anos. Com uma população envelhecida, estima-se que em 2050 a maioria dos portugueses tenha mais de 50 anos e a população diminua para 8,6 milhões. Esta é a verdadeira dimensão da crise demográfica que estamos a viver.
Mais importante do que escrutinar se um município perdeu X ou Y, é urgente debater as bases para o futuro, Em particular na região Centro, importa conhecer quais as ideias propostas pelos candidatos nas matérias centrais:
1. Estímulo à natalidade e promoção do envelhecimento ativo/saudável
2. Competitividade e crescimento económico
3. Sustentabilidade e respostas às alterações climáticas
4. Qualidade de vida, educação e cultura
Desejo que a campanha eleitoral fuja dos lugares-comuns e sirva verdadeiramente para esta reflexão conjunta, catapultando o país para uma fase de recuperação. Depois de ultrapassada a pandemia, encaremos os próximos anos como uma oportunidade e sejamos capazes de dar um novo impulso aos municípios e às cidades em que vivemos. É esta ambição que espero de todos os autarcas que venham a ser eleitos. Que tenham determinação, integridade e que nos inspirem a sermos “Citius, Altius, Fortius” em conjunto.
Deixo um apelo a que no próximo dia 26 de setembro, todos vão votar e que o façam em e com a consciência das suas escolhas. Entre tantos, saibamos escolher os melhores.

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