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Opinião: “E que tal falar de coisas sérias?…”

16 de maio às 11h55
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Li, por estes dias, que a indústria química europeia vive já uma grave crise de trabalhadores qualificados e que, em 2030, representaria um défice de 11% de lugares por preencher. Este receio tem sido partilhado amiúde pelo setor das tecnologias da informação e do conhecimento para os quais existe mais de meio milhão – sim, leu bem! – de vagas qualificadas por ocupar na Europa.
A aceleração dos processos de transição ambiental e digital – absolutamente inelutáveis do ponto de vista político, regulatório e económico – tornou ainda mais evidente a falta de quadros formados nos domínios STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). A esmagadora maioria dos países europeus não conseguiu inverter a tendência formativa e seduzir os mais jovens a escolher novos caminhos curriculares, pensados para o futuro. Mais do que uma crise vocacional existe um falhanço estratégico da Europa nesta matéria.
Quando olhamos para os números disponíveis no Eurostat, sobre o perfil dos estudantes no ensino superior europeu, temos uma fotografia bem nítida da realidade e ficamos a saber que na UE quase um quarto ( 24,6%) de todos os licenciados provem de gestão de negócios, administração ou direito, com as mulheres claramente maioritárias. O segundo campo de ensino ( 15,2%) era o da engenharia, manufatura e construção, com quase 3/4 dos licenciados do sexo masculino. Depois, temos como a terceira maior área de estudo a saúde e bem-estar ( 13,7%), onde as mulheres representavam cerca de 3/4 dos estudantes. Em seguida, viriam as ciências da educação ( 10,3%); as artes e humanidades ( 9,8%); as ciências sociais, jornalismo e informação ( 9,2%); e, só depois, bastante abaixo, as ciências naturais, a matemática e a estatística ( 6,4%), seguidas pelas tecnologias da informação e da comunicação ( 3,8%). Portanto, os domínios STEM são claramente minoritários e sabe-se, também, que compostos por uma percentagem relativamente elevada de homens.
Mudar esta realidade leva tempo e não se faz apenas por decreto: caberá aos governos, sim, tomar medidas, desde logo, com mudanças curriculares profundas nos primeiros graus do ensino; as famílias também terão aqui uma responsabilidade de orientação vocacional das crianças e de estimulo para outras áreas do saber; as empresas de investirem na reconversão da atual mão-de-obra e nos programas de novos talentos; as universidades reconfigurarem-se para novos modelos de ensino e currículos do futuro, etc, etc. Toda uma responsabilidade coletiva que a cada dia que passa nos vai deixando mais para trás. Seria bom falar-se mais sobre isto!

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