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Opinião: “Dos projetos à indústria”

19 de agosto às 11h43
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Quando, há quase um ano, aceitámos este desafio de abordar os diferentes caminhos da transformação digital, vivíamos já um primeiro momento de balanço, depois de um confinamento forçado que nos impôs esta transformação em definitivo e sem grande escolha possível.
Entre teletrabalho, ensino a distância, comércio eletrónico a níveis nunca imaginados, novos negócios baseados no digital, Planos e “bazucas” digitais, Indústria 4.0, 5.0, foi mesmo a realidade dos factos a demonstrar que o desejado futuro digital afinal de acontecer já, algo a que talvez não assistimos de forma tão eficiente noutro momento da História. Um verdadeiro manancial de acontecimentos para esta coluna!
Foi assim que neste período, percebemos que afinal o teletrabalho nos vai permitir viver mais longe do centro das cidades, em locais onde o custo da habitação é inferior, permitindo a deslocalização das famílias para outras geografias, reduzindo a necessidade de espaços de escritório.
E assistimos ao uso intensivo de videoconferência a dar início a uma era de aceitação generalizada das reuniões e dos eventos virtuais. E com isto, à redução da procura por diversos serviços como viagens de trabalho e outros serviços conexos, com a transformação digital a forçar para sempre a alteração de paradigmas no trabalho, um verdadeiro ponto de inflexão.
Vimos o comércio eletrónico a ser decisivo e até mesmo uma tábua de salvação para algumas empresas, muito alavancado pelo mercado doméstico, com os consumidores presos em casa a serem praticamente obrigados a fazer compras online.
Analisámos a questão da igualdade e dos direitos como a conectividade universal, com os exemplos de crianças, sobretudo em zonas interiores, a terem de se deslocar para criar a sua sala de aulas noutros locais para poderem ter acesso à rede. Neste caso a mostrar-nos um caminho ainda longo a percorrer.
Questionámo-nos sobre o impacto da Indústria 4.0 e da relutância na automatização de processos pelo argumento da perda de empregos. Mas percebemos que a tecnologia contribuiu sempre mais para a criação do que para a destruição de postos de trabalho, em particular dos mais qualificados.
E procurámos antever o que será a Indústria 5.0, com um propósito que irá além da produção de bens e serviços com fins lucrativos e que inclui a centralização no ser humano, a sustentabilidade e a resiliência.
Ao porquê desta ênfase tão grande no digital, quando hoje em que já “tudo” é digital, também refletimos sobre o porquê de tantos planos, programas e financiamento para esta transformação, atendendo às muitas outras necessidades e emergências do contexto em que vivemos.
Todos temos grande expetativa no retorno da confiança de todos os agentes para os próximos meses. E por isso esperamos um novo ciclo dinâmico neste percurso para a transformação digital. E que possamos continuar a contribuir aqui para esta reflexão e sensibilização, acompanhando sempre o que de melhor se faz em Portugal e pelo mundo.

Pode ler a opinião de Victor Francisco na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS

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