Opinião: Desafios ambientais para programas eleitorais
Estamos a dois meses das eleições autárquicas de 2021, são já no dia 26 de Setembro. Devem estar a ser concluídos os programas eleitorais a apresentar pelas listas, tanto dos partidos como dos movimentos de cidadãos. Atendendo aos desafios e ameaças ambientais que impendem sobre a nossa qualidade de vida há que ser exigente quanto às propostas e políticas que serão apresentadas. Como cidadãos eleitores devemos ter essa exigência. Por outro lado, os cidadãos que se apresentam a eleições e seus partidos e movimentos têm que estar alerta para essa necessidade e torná-la clara.
Já não basta um parágrafo sobre a manutenção dos espaços verdes e a selecção de resíduos, ou antes, ainda é necessário mas não é suficiente. O tema Ambiente e deve ter o destaque que a manutenção e melhoria da Qualidade de Vida impõe. Deve não só ser um tema com destaque como também se deve alastrar a todas as restantes políticas. Deve estar sempre na mente de quem as prepara, o Ambiente e qualidade de vida têm que ser a bússola das políticas sectoriais.
Não será difícil, há trabalho feito sobre essas necessidades. Um bom guião é a Agenda 2030 das Nações Unidas que estabelece 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. “A Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são a visão comum para a Humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e os povos e uma lista das coisas a fazer em nome dos povos e do planeta” (ver: https://unric.org/pt/Objetivos-de-Desenvolvimento-Sustentavel/). Cada objectivo é trabalhado com diversas metas a atingir.
Como vamos percebendo pelos fenómenos extremos que vão acontecendo, tanto pela magnitude como pelo aumento de frequência, a continuação das opções que aqui nos trouxeram terão consequências nefastas.
E voltamos à magna questão, como cidadãos o que podemos fazer? Os comportamentos individuais são importantes, é certo, mas muito pouco eficazes na resolução de problemas globais. Como exemplo, podemos, individualmente, separar todas as embalagens plásticas e colocá-las no respectivo contentor. Haverá sempre resíduos plásticos a «fugir» ao processo acabando no ambiente e retornando a nós. E mesmo que todo o plástico fosse reciclado essa reciclagem não é neutra, exige energia, exige água, produz resíduos. Há que parar o excesso de recurso a embalagens na fonte, na produção. Se eu tiver um cano a verter água não me limito a apanhá-la com a esfregona e a despejar o balde, não é? Vou directamente à procura da fuga e resolvo-a. E essa resolução, passando da analogia da canalização para o exemplo dos plásticos, é o quê? Regulamentação, interromper a «fuga», a produção excessiva. E é aqui que nós, como cidadãos, podemos intervir. Num dos momentos em que a democracia nos chama a participar no processo, sejamos exigentes. Exijamos que o tema Ambiente e Qualidade de Vida seja discutido e abordado.
Podemos começar por conhecer os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, são só 17, e as suas metas. E podemos comparar essa lista com o que os manifestos e programas eleitorais nos propõem. É necessário ser exigente para se ser bem servido.