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Opinião: “Da pobreza laboral… e outras misérias!”

02 de maio às 11h22
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O primeiro-ministro trouxe este fim de semana, para primeiro plano, um conceito pouco usado e falado em Portugal. Falou ele da “intolerável pobreza laboral” que se vive em Portugal. A pobreza laboral refere-se à situação em que os rendimentos de trabalho de uma família não são suficientes para garantir o seu “sustento”. Eu estou longe de ser um grande conhecedor dos contornos e das políticas laborais, mas este é um conceito que merece uma atenção que não tem tido. Penso que o primeiro-ministro também não se alongou muito porque os dados relevantes são verdadeiramente avassaladores: mais de 900 000 pessoas ganham o salário mínimo no presente ano; mais de 60% dos trabalhadores portugueses por conta de outrem ganham menos de 800 euros por mês; no total, 2.383.000 famílias não pagam IRS por insuficiência de rendimentos. Falamos de mais do que pobreza laboral… falamos de “pobreza de país”.
Sem querer mudar de assunto, pude acompanhar esta semana a entrega de uma primeira encomenda de uma empresa, a um novo cliente. Estou a falar da entrega de produtos muito básicos, de embalagens simples (sacos de transporte em cartão), ainda que destinadas a produtos de luxo. Na verdade, esta encomenda foi devolvida 3 vezes por erros absolutamente básicos e incompreensíveis, da empresa fornecedora. Pude verificar que um controle de qualidade básico teria facilmente evitado erros tão grosseiros (endereços invertidos, falta de adereços, etc.), mas, mais ainda, um conjunto de trabalhadores minimamente motivado e comprometido com padrões mínimos de qualidade e serviço, não deixariam que tais erros se produzissem. Convenhamos, empresa, direção, supervisão, trabalhadores, todos sem exceção, mostraram não estar minimamente à altura do que se espera de todos eles. Este padrão repete-se, infelizmente, com mais frequência do que gostaríamos.
Voltando ao nosso tema de entrada, perante uma situação tão generalizada de pobreza laboral, que podemos estender ao cenário global de baixos salários que se praticam em Portugal, o que será de espantar é que situações destas não se repitam com mais frequência. Se associarmos esta situação de baixos salários à qualidade de vida das pessoas no seu posto de trabalho, à formação e reconhecimento que lhes são dedicados, aos padrões de justiça com que frequentemente são tratados, podemos verdadeiramente esperar mais?
Todavia, também conheço e acompanho casos concretos de jovens trabalhadores e das respetivas empresas, que disfrutam de padrões salariais de invejar, de lideranças inspiradoras e modelares e posso perceber algumas coisas elementares. Ouço-os falar de forma empolgada dos seus trabalhos, do carinho e entusiasmos que colocam em tudo o que fazem, do esforço e compromisso que estão dispostos a levar à sua entidade empregadora. E, assim, posso ver que, naquelas empresas, aqueles erros e falhas elementares nunca poderiam acontecer. E se acontecerem uma vez, serão fonte de conhecimento e aprendizagem que fará com que não se repitam…
Ah… não menos importante, dei-me conta do preço de cada um daqueles sacos, e com todos aqueles erros, a empresa não ganhou um cêntimo…
PS: depois de saber que um grupo de pobres Ucranianos, a fugir da guerra e dos Russos, foi recebido em Setúbal por… pasme-se… uma equipa de Russos (sem desprimor para o povo russo que não confundo com os seus líderes), percebo que este é um país desgraçadamente inviável.

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