Opinião: Acção social desportiva. Porque não?
As coisas “começam assim e acabam assado”!
Todos sabemos as enormes dificuldades das famílias.
O apoio escolar a crianças de famílias com dificuldades já existe há muito. A não ser assim, muitos talentos teriam ficado pelo caminho.
Recordo até o que se passou em tempos não muitos distantes na Escola de Curral das Freiras – fora da caixa – mas que se tornou um exemplo. E só não frutificou porque o sistema educativo não estava e não está, nem formatado e muito menos preparado para novas metodologias.
Aliás, tão pouco está, que conseguiram “estoirar” com esse projecto educativo. É da vida! Quem não sabe, prejudica!
Neste preciso momento, após tantas dificuldades e provações das famílias por efeito da pandemia, eis que a guerra na europa veio complicar ainda mais a vida de toda a gente.
A prática desportiva, prejudicada que tem sido ao longo de décadas, pode atingir o seu auge nestes próximos anos se nada for feito para o contrariar.
Famílias e clubes estão numa situação aflitiva.
Os clubes sempre se substituíram ao Estado na promoção da prática desportiva, tendo as autarquias, algumas e poucas, assumido a responsabilidade da atribuição de apoios.
O Estado, por efeito do Desporto Escolar – será que existe? – coloca no Orçamento Geral do Estado uma verba considerável, ainda que pouca para o necessário.
As famílias pagam impostos, muitos e de valor, para ainda estar a consumir energia e assumir encargos que ao Estado deveriam competir.
Por isso, à semelhança do apoio dado às crianças nas escolas, deve o Estado assumir a “Acção Social Desportiva”, atribuindo uma verba às federações desportivas e estas às associações distritais e regionais para apoio aos desportistas mais carenciados.
Tivemos uma enorme baixa do número de atletas por efeito da pandemia. Aos poucos todos estamos a recuperar, mas no estado actual do mundo e da Europa, tal se justifica.
Mas não se deseja aumentar o déficit. Pelo contrário. Basta que, para tanto, uma parte significativa da verba atribuída ao Desporto Escolar seja canalizada para esse apoio.
Percebo que esta proposta poderá colidir com interesses instalados, que menos horários poderão ser atribuídos a professores, mas, sem os querer prejudicar, vivemos uma situação excepcional. E, para situações excepcionais, decisões excepcionais!
A prática desportiva deverá ser sempre um objectivo da sociedade, principalmente no que à formação em jovens de tenra idade diz respeito, porquanto a obesidade infantil é há muito um problema de saúde pública que urge atacar.
Todos ficamos a perder se diminuir drasticamente a presença de jovens nos clubes e associações. Significaria que dirigentes virariam as costas ao trabalho e deixassem ao abandono uma enorme quantidade de jovens.
Só que não há milagres. Os euros não se multiplicam por uma qualquer arte mágica – fazer nota falsa não é arte mágica – mas são fruto de uma gestão equilibrada das famílias. Só que há um limite para tudo.
Até para o sacrifício!
Em nome dos jovens que desejam manter intactas no futuro a ambição de chegar mais longe, a “Acção Social Desportiva” poderá ser uma medida decisiva para muitos…e para todos nós!