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Opinião: A palavra chave para o período em que estamos é transição

17 de agosto às 12 h30
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Não será fácil o caminho para as empresas portuguesas na próxima década, porque os ajustamentos que terão que fazer são enormes e imprescindíveis. Por agora, o que enfrentam é procurar adaptarem-se a uma nova realidade, encaixarem-se no processo de retoma. O ambiente da atividade empresarial alterou-se e, provavelmente, não regressará e há novos pressupostos que decorrem da aceleração produzida pela crise pandémica. A manutenção das empresas e promover o seu crescimento é um objetivo de curto prazo, contudo as equipas de gestão, empresárias e empresários, terão que planear o futuro. O desafio, do médio e longo prazo, é mais complexo, é mais do que um teste à resiliência, é renovar e reinventar os negócios à luz de um novo paradigma, onde a digitalização e a descarbonização serão os principais protagonistas, a par com a alteração do comportamento dos consumidores.
As economias não resistir ao avanço da digitalização, o que determinará, como consequência, transformações profundas dos modelos de negócio das empresas. A digitalização será uma alavanca para que se assegurem pressupostos considerados axiomáticos pela comunidade internacional como são a descarbonização, a sustentabilidade ambiental, o aprofundamento da economia circular e da transição energética. As empresas não terão outra alternativa se não integrar a digitalização em todo o seu processo de produção e de interação com clientes e fornecedores, porque se trata de não perder posicionamento perante os seus concorrentes. Temos uma economia com uma preponderância de pequenas e muito pequenas empresas, uma economia aberta, onde o ganho de competitividade é fundamental no confronto com as concorrentes internacionais. Para a manutenção do crescimento da internacionalização da economia nacional a regra da competitividade fará diferença.
Se isto pode ser fácil para empresas de maior dimensão, teremos que equacionar como é possível proporcionar este desiderato às pequenas e médias empresas. A digitalização da economia conduz a transformações disruptivas, mas também trará oportunidades que deverão ser aproveitadas, desde logo no incremento da produtividade e do valor acrescentado, o que obrigará a avultados e assertivos investimentos. Logo as empresas e o governo têm que incluir a digitalização no planeamento estratégico, tem que fazer parte das preocupações nucleares, assumir o papel central da gestão estratégica das organizações. Tendo em conta o estado da arte do nosso país, relativamente à incorporação da digitalização e da indústria 4.0, onde se pode verificar um afastamento, quer seja por falta de meios financeiros para realizar investimentos, quer por desconhecimento e falta de informação, haverá que concentrar esforços em providenciar infraestruturas e acompanhar financeiramente a transformação das empresas neste caminho. Os estudos mostram que as empresas de pequena e média dimensão têm falhas importantes e fraca maturidade digital. O país tem que desde logo concretizar a rede 5G, porque estamos dependentes desta tecnologia para avançar rapidamente e com êxito na digitalização, e criar um pacote de apoio ao investimento. Do lado das empresas, o foco será construir projetos de investimento a médio prazo, para implementar sistemas de inovação, ao nível do produto final e na área produtiva, criar condições de estabelecer incorporação de I&D como prática, aumentar a produtividade e acrescentar valor à atividade produtiva.
Para as PME, não pode haver outro caminho se não avançar para a incorporação de meios tecnológicos, que assegurem um nível digital adequado, o aumento da eficiência, diminuição de desperdícios, baixar consumos e custos de energia. Têm que promover a automatização e robotização e possibilitar a obtenção de ganhos de produtividade, em simultâneo, garantir a exigência de contribuírem para a descarbonização. A indústria 4.0 possibilita garantir padrões estáveis de produção e de consumo, o que garante incremento da eficiência dos processos de produção alicerçada na introdução da inovação tecnológica. Com a indústria 4.0 prometendo maior produtividade, custos mais baixos e melhor satisfação do cliente, será difícil ignorar a revolução digital. Ora, é esta a nova realidade que vai ter um efeito catalisador e acelerador sobre a atividade empresarial e em especial da atividade industrial. Não são só alterações incrementais, são alterações conceptuais na criação de valor, de postura no negócio e no mercado. A revolução em curso, a indústria 4.0 trará uma nova dimensão não ao futuro, mas à contemporaneidade.
Portanto, trata-se de transformar o modelo de negócio, reinventar o processo de criação de valor. Esse será o grande desafio para as Empresas na próxima década.

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