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Opinião: A esperança será o melhor antídoto para o medo e para acabar com tanto desencontro

24 de setembro às 12h32
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Aproxima-se o fim do Verão, um Verão que não terá sido igual ao dos outros anos, porque sempre em mudanças, com restrições sociais aconselháveis ou obrigatórias, muitas vezes sem possibilidade de uma definição mais ou menos clara. Talvez, por isso, esteja na hora de reflectir um pouco, até já não sobre o passado, mas sobre os momentos que atravessamos e imaginar um pouco os que se aproximam …
Num futuro que, em contradição com o passado, se mostra cada vez mais urbano, em que apenas falamos em início das aulas, no fim do confinamento, no aproximar do fim da vacinação e, até, das eleições autárquicas que estão à porta. E tudo parece estar a ocorrer sem que do passado se tirem lições, sem que ninguém pense, ou queira pensar, que muita coisa mudou e nada ou quase nada será igual no futuro!…Tomemos como exemplo alguns tópicos, extrapoláveis em vários sentidos:
O primeiro, o processo de vacinação. No início, era a confusão e a dúvida sobre a eficácia e segurança das vacinas, sobre o processo de vacinação proposto, quando não o portuguesíssimo costume de abuso e favorecimento de amigos ou familiares. Um militar, o Vice-Almirante Gouveia e Melo, assume o comando da Task Force e as vacinas vão surgindo, começam a ser rigorosamente administradas, a população portuguesa, confiadamente, a cumprir os calendários e … pasme-se, hoje com Portugal colocado no topo do ranking mundial de vacinação anti-COVID! O que aconteceu? Apenas que um homem vestiu a sua farda de combate (e nunca mais apareceu vestido em público de outra maneira) e, no seu estilo de liderança, na sua forma simples de discurso, de semblante discreto mas de traços firmes, presente diariamente no posto de comando (que disciplinou), mas igualmente visitando regularmente os centros de vacinação ao longo de todo o País, de norte a sul e não apenas na capital, ganhou a confiança do povo português a ponto de, como Ele próprio disse recentemente, “podemos dizer que vencemos esta primeira batalha”.
Gouveia e Melo cumpriu a sua missão e afirmou agora que vai entregar ao Ministério da Saúde um Relatório/Guião de todos os passos que foram dados, a organização, as prioridades, e as suas próprias impressões. E isto deixa-me a pensar: Será que os nossos políticos aprenderam alguma coisa com esta maneira de proceder? Ou não querem ver e, por isso, vão passar tudo à frente?Um outro ponto de reflexão será perguntarmo-nos o que aprendemos com esta pandemia? Que mudança ou mudanças se impõem no “após-pandemia”?A este propósito, numa entrevista “Entre Tantos”, António Sarmento, director do Serviço de Infecciologia do Hospital de S. João do Porto, considerou terem já preparado o algoritmo a respeitar perante acontecimentos mais negativos que pudessem surgir de repente. Por isso, e perante a actual pandemia, tudo se tornou relativamente mais simples e com a total solidariedade entre os diversos Serviços daquele Hospital. E diz-se convencido de que não chegaremos a qualquer caos, desde que unidos os braços fundamentais: DGS, o comportamento dos cidadãos, as pessoas a receber a informação certa no momento certo, sem a inconsciência de comportamentos nem pânicos, mas tentando sempre evitar o burnout … o que nem sempre foi conseguido no decorrer desta pandemia!
E continuando, como que num último ponto de reflexão, diz-nos ainda que não chega que as leis sejam justas, mas nelas deve constar sempre uma componente afectiva. E refere então a maneira como a sociedade tem estado e está a encarar os idosos, apesar do que esta pandemia nos mostrou com os chamados “lares de idosos”. Não mais aqueles “lares” podem continuar a ser “depósitos”, mas locais de vida e encontro. Tal como disse Vinicius de Morais, que Sarmento invocou e eu própria para aqui chamo: “A vida é a arte do encontro”. Mas acrescento que a esperança será o melhor antídoto para o medo e para acabar com tanto desencontro.

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