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OE2025: Marcelo admite que tem exercido pressão e influência nas negociações

29 de setembro às 18h55
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O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa admitiu hoje que tem feito pressão e influência na negociação do Orçamento do Estado (OE) de 2025, argumentando ainda que, por vezes, temos de abdicar das nossas convicções políticas.

“O que tenho feito é, de facto, influência, não nego. Quando dizem ‘mas ele está a fazer influência? Estou a fazer influência. Está a fazer pressão? Estou a fazer pressão’”, admitiu Marcelo Rebelo de Sousa, frisando que o próximo OE é uma questão de interesse nacional face à situação da Europa e do mundo.

Em declarações em Cantanhede, distrito de Coimbra, à margem da inauguração do Museu da Arte e do Colecionismo, o chefe de Estado contrariou o líder do PS, Pedro Nuno Santos, que hoje afirmou, a propósito da negociação do OE, preferir perder eleições a abdicar das suas convicções.

“A questão, como imaginam, é do interesse nacional. Ou se considera há um interesse nacional que explica que o Orçamento passe ou se acha o contrário. Abdicando de convicções, claro, eu abdiquei de convicções, como líder da oposição [quando era presidente do PSD] em muitos pontos, para acertar com o engenheiro Guterres um acordo”, lembrou Marcelo Rebelo de Sousa.

O mesmo se aplica, acrescentou, do lado do Governo: “O Governo tem de perceber que o facto de ter um programa que passou no Parlamento, não quer dizer que o aplique todo, agora, de imediato. E se tiver que fazer cedências no programa, para tornar possível um acordo, deve fazer cedências no programa”, defendeu o PR.

Questionado sobre se essas cedências devem ser feitas ainda que isso signifique o desrespeito pelos resultados eleitorais, Marcelo Rebelo de Sousa ripostou: “Os resultados eleitorais foram ninguém ter maioria, o Governo não tem maioria. Portanto, tem de tomar em consideração esse facto. E, por outro lado, quem está na liderança da oposição, também não tem maioria”, avisou.

“Para mim, um Orçamento é sempre importante. Mas neste ano, neste momento em particular, é mais importante”, vincou o Presidente, aludindo à situação europeia e mundial, com os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.

Se assim não fosse, notou, “vamos a tira-teimas e cada um fica nas suas convicções”, sem haver um “esforço de parte a parte” para o OE ser aprovado.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que se os dois grandes partidos (PSD e PS) não se entenderem, “quem vai desempatar é o terceiro”, numa alusão ao Chega.

“A bola fica nas mãos da terceira força política”, reforçou.

Sobre se o acordo do OE está dependente das propostas sobre as mudanças no IRC e criação do IRS Jovem, o PR recusou “discutir pormenores”.

“Se as convicções são tão fortes, tão fortes, nesses dois pontos, que são mais importantes do que aquilo que considero que é muito importante, que é haver um Orçamento por causa da situação do mundo e da Europa, eu respeito, mas não é o meu ponto de vista”, declarou o Presidente da República.

“Por muito importante que sejam esses pontos, para o Governo manter a palavra e que não cede nisso, para o partido liderante da oposição também não cede nisso… que diabo, na situação do mundo e da Europa, não sei se não era de fazer um ‘esforçozinho’, espero que até ao último minuto”, argumentou o chefe de Estado.

Para Marcelo Rebelo de Sousa não se trata de saber se haverá ou não eleições legislativas ou quem ganha ou perde face a um eventual chumbo do OE.

“Um Governo, que já está pendurado por um fio fraco, com uma maioria fraca, sem Orçamento fica pendurado por linhas”, alertou o Presidente da República, antecipando problemas na gestão económica e financeira do país face à Europa e às agências financeiras internacionais.

Marcelo recusou ainda que o primeiro-ministro Luís Montenegro e o líder socialista estejam condenados a entenderem-se: “Ninguém está condenado porque estamos num país livre. Eu preferiria que eles se entendessem, era o que é natural”, vincou.

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