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Opinião: O pai da computação

11 de novembro às 12h47
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Durante a 2.ª Guerra Mundial, os Aliados procuravam ultrapassar uma tarefa considerada impossível – decifrar a codificação usada nas comunicações da Alemanha Nazi. Designada de Enigma, esta necessidade levou o Governo Britânico a chamar à equipa que trabalhava nesta análise criptográfica um matemático, cientista da computação e criptoanalista chamado Alan Turing ( 1912-1954 ).
Turing desenvolveu então várias técnicas para quebrar as cifras alemãs, tendo criado para o efeito uma máquina eletromecânica chamada a “bomba”, com a qual veio a conseguir finalmente decifrar mensagens alemãs codificadas. Os historiadores referem que ter decifrado este código permitiu aos Aliados ultrapassar os Nazis em momentos cruciais, o que, embora seja difícil de estimar, terá ajudado a reduzir o tempo da guerra em 2 anos, salvando cerca de 14 milhões de vidas.
Ficou também conhecido pelo famoso teste com o seu nome – o Teste de Turing – em que um ser humano mantém uma conversa com uma máquina, sem saber se nesse momento está a dialogar com uma máquina ou com outro ser humano. Caso não consiga distinguir, a máquina passa no teste, demonstrando-se capaz deste “jogo da imitação”. Foi este teste que formou as bases da Inteligência Artificial, ao questionar se era possível uma máquina imitar o pensamento humano.
A sua infância foi difícil e teve uma vida pessoal atribulada que ficou marcada por ter sido processado por atos homossexuais, à luz das leis da época uma indecência e uma ofensa criminal no Reino Unido. Era também um corredor de longas distâncias excecional e integrou inclusive a Seleção Olímpica Britânica de 1948.
Apesar de todo o seu trabalho, Turing nunca foi verdadeiramente reconhecido no seu país porque grande parte de seu trabalho permaneceu um segredo na posse do Governo durante mais de 50 anos devido a leis de confidencialidade. Mas, sobretudo, por ser homossexual, e só em 2009 e a título de reconhecimento póstumo, o Primeiro-ministro britânico Gordon Brown fez um pedido de desculpas oficial em nome do Governo britânico pela forma como foi tratado, tendo a Rainha concedido a Turing em 2013 um perdão póstumo e definido uma lei que perdoou retroativamente homens condenados por atos homossexuais, lei essa que ficou para sempre conhecida como Lei Alan Turing. Turing viria a morrer em 1954, depois de aceitar um tratamento de castração química como alternativa à prisão, sendo a sua morte atribuída a suicídio.
O seu trabalho inspirou as gerações futuras a estudar as “Máquinas de Turing” que não são mais do que um modelo geral de um computador. Alain Turing é por isso considerado pelos cientistas como o pai da computação.
Num diálogo do filme “The Imitation Game” baseado no livro biográfico “Alan Turing: The Enigma” ouve-se: “Por vezes, são aqueles de quem ninguém espera nada que fazem aquilo que ninguém espera”. Um diálogo que resume um pouco da vida deste brilhante, desconcertante e imprevisível matemático britânico.

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