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Manifesto de artistas apela à continuidade da bienal Anozero em mosteiro de Coimbra

08 de março às 14h12
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Um manifesto subscrito por vários artistas nacionais e estrangeiros que já participaram na bienal de arte contemporânea de Coimbra defendem a continuidade da Anozero no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, rejeitando o processo de transformar o monumento num hotel.

O manifesto, cujos autores são o brasileiro Rubens Mano e o mexicano Luis Felipe Ortega (artistas que participaram nas edições da bienal de 2017 e 2019, respetivamente), rejeita o processo de transformação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova num hotel, no âmbito do programa Revive, defendendo a preservação da ligação da bienal àquele monumento, tido como epicentro da Anozero.

O documento é subscrito, entre outros, pelo artista islandês Ragnar Kjartansson (assim como outros artistas e músicos da Islândia), que teve uma exposição a solo no mosteiro em 2023, vários dos curadores das edições passadas e da que se irá realizar este ano, assim como de nomes nacionais e estrangeiros que participaram na Anozero.

Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Carrilho da Graça, João Fiadeiro, João Onofre, Gabriela Albergaria, Bruno Zhu são alguns dos artistas nacionais que participaram na bienal que subscrevem o manifesto, onde também surgem nomes estrangeiros como a americana Candice Line, a sul-africana Buhlebezwe Siwan, o brasileiro Jarbas Lopes, a neerlandesa Moirika Reker ou a libanesa Marwa Arsanios.

“Consideramos que a bienal de arte contemporânea de Coimbra Anozero deve ter a sua ligação ao mosteiro garantida e preservada e estar na linha da frente do movimento de reabilitação deste extraordinário espaço da cidade”, pode ler-se no documento, disponível em https://geral.anozero-bienaldecoimbra.pt/manifesto-a-favor-do-anozero-bienal-de-coimbra/

Para os subscritores, se for quebrada a ligação entre o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova e a bienal, “perder-se-á a identidade que deu lugar ao entendimento do conceito de bienal, da cidade de Coimbra e do mosteiro como uma engrenagem que movimenta as dinâmicas vivas das práticas artistas contemporâneas num tempo e num espaço específicos”.

“Registamos, assim, com este manifesto, a nossa total rejeição à condução de um processo que, surpreendentemente, desconsidera o papel e a importância que a bienal de arte contemporânea de Coimbra Anozero representa para a recuperação simbólica do Mosteiro, para a expansão das experiências culturais em Coimbra e em Portugal e para a afirmação de um espaço de reflexão no circuito internacional das bienais de arte contemporânea”, vincam.

No manifesto, é também salientado a forma como a bienal, “apesar da sua juventude”, tem conseguido ter “um impacto significativo no atual contexto das grandes exposições internacionais”.

“O manifesto foi escrito por dois artistas sul-americanos – o Rubens Mano e Luis Felipe Ortega – quando participavam na Bienal de São Paulo [que decorreu no final de 2023]”, contou à agência Lusa Carlos Antunes, diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), entidade que coorganiza a bienal em conjunto com a Câmara Municipal e a Universidade de Coimbra.

Segundo Carlos Antunes, a procura de subscritores foi feita pelos próprios autores do manifesto, referindo que, desde a sua publicação, na quinta-feira, 400 pessoas já assinaram o documento.

“As pessoas ainda não perceberam o quanto isto é uma preocupação de muita gente e temos responsabilidade de dar a conhecer essa preocupação”, afirmou Carlos Antunes, que no passado já afirmou que o processo de transformação do mosteiro num hotel, mesmo reservando um espaço de 600 metros quadrados para a bienal, põe em causa a continuidade da Anozero.

Questionada pela agência Lusa, a Turismo de Portugal explicou que a adjudicação à empresa que ficou ordenada em primeiro lugar no concurso para a transformação do mosteiro em hotel ficou sem efeito, sendo agora notificado o concorrente que ficou em segundo lugar para saber se aceita a adjudicação da concessão.

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