Opinião: Legislativas 2022
O relógio não pára e os prazos são curtos. Depois de vencidas as eleições internas, o renascido PSD de Rui Rio tem agendado um Conselho Nacional para dia 7 de Dezembro para votar as listas de candidatos às eleições legislativas de Janeiro de 2022, que terão de ser entregues até 20 de Dezembro, logo a seguir ao Congresso do PSD que termina no Domingo, dia 19 de Dezembro. Uma luta contra o tempo para decidir quem serão os cabeças-de-lista dos círculos eleitorais, e quem são os nomes dos candidatos que os acompanham, sendo ainda incerto se haverá ou não coligação com o CDS, o que baralha ainda mais as contas. Do lado do CDS, que adiou o congresso de 27 de Novembro onde a sua presidência iria a votos, permanece a dúvida sobre quem serão os nomes que o irão representar em caso de coligação com PSD, ou em listas próprias. Tudo muito apertado.
De banda do PSD, sabe-se que as estruturas já indicaram os nomes que pretendem ver registados nas listas, e Rui Rio fez constar que iria ter em conta a “competência” e a “lealdade” na escolha dos nomes para as listas de deputados à Assembleia da República. Já o CDS, definiu que compete à sua Comissão Executiva, depois de ouvidas as distritais, propor os candidatos para a primeira posição pelos 18 círculos eleitorais do continente, na segunda, terceira e quarta posições pelo círculo de Lisboa e na segunda e terceira posições pelo círculo do Porto. Como critério, o CDS fez aprovar que a escolha deve recair sobre personalidades de reconhecido mérito e idoneidade, com ligação ao círculo pelo qual se candidatam. Por fim, caberá ao Conselho Nacional a aprovação das listas.
Assim de cabeça, só me recordo de o CDS ter eleito deputados pessoas “mesmo” de Coimbra. O desastre eleitoral de 2019 foi só mais uma prova de que não basta uma qualquer ligação a Coimbra para ser votado nesta cidade e círculo. O mesmo vale para as coligações. Relembro que nas legislativas de 2015, a coligação entre PSD e CDS obteve 4 mandatos, tantos quanto o PS. Nessa eleição, a coligação perdeu o quinto mandato, que foi o quarto do PS, por uma diferença de cerca de 3000 votos, num universo de mais de 200 mil votantes. Uma vez que Coimbra elege nove deputados, faz toda a diferença quem ocupa o quinto lugar da lista. Em 2015, o quinto lugar foi indicado pelo CDS, que ficou arredado do Parlamento. Apesar da vitória no círculo eleitoral de Coimbra, e no país, ela não foi suficiente para impedir a geringonça que se veio a formar e que permitiu, desde então, que Portugal fosse governado pelo PS. Agora que Rui Rio se diz “picado” a vencer as legislativas, é bom recordar que é preciso obter um número suficiente de mandatos para formar uma maioria parlamentar, pelo que o patamar de competência, mérito e idoneidade das personalidades escolhidas pelo PSD e CDS tem de ser o mais exigente possível, se quiserem, coligados ou não, apear o PS de continuar a governar.