Docente da ESTeSC-IPC lança novas pistas sobre a evolução da esclerose múltipla
Um estudo da docente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC), Ana Valado, mostra que alguns marcadores biológicos, feitos em líquido cefalorraquídeo e em soro, podem auxiliar a prever a evolução da esclerose múltipla.
“Tendo em conta a variabilidade clínica da doença, o prognóstico da esclerose múltipla é muito incerto e representa um grande desafio para a investigação”, esclarece Ana Valado, explicando que existem vários padrões da doença, aos quais estão associados diferentes sintomas e graus de incapacidade.
Ainda existem muitas dúvidas relativamente à incidência, prevalência e evolução da doença neurológica autoimune que afeta cerca de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo. A investigação de Ana Valado mostra, no entanto, que alguns marcadores biológicos podem auxiliar no seguimento da doença. “A progressão da incapacidade no curso da EM revelou-se superior após o primeiro ano nos doentes com bandas oligoclonais do tipo IgG positivas. Tendência que se inverteu a longo prazo da doença, mostrando maior incapacidade em doentes sem bandas oligoclonais do tipo IgG.
A ausência de bandas aumenta a necessidade de recorrer a terapias de segunda linha, apontando, portanto, para uma doença mais agressiva”, descreve a investigadora. Já a presença de bandas oligoclonais do tipo IgM no líquido cefalorraquídeo “sugere um prognóstico menos favorável a curto prazo”, acrescenta. Quanto aos marcadores de disfunção da barreira hematoencefálica, o aumento da razão MMP-9/TIMP-1 sérica mostrou uma associação a menor incapacidade no curso da doença, enquanto os níveis mais elevados de sVCAM-1 no soro apresentam-se em formas mais progressivas da doença. O estudo, que integra a coleção Ciência, Saúde, Teses de Doutoramento, editada pela ESTeSC-IPC, é apresentado em livro, amanhã, pelas 15H00, na ESTeSC-IPC.
A investigadora trabalhou com uma amostra de 530 indivíduos, ao longo de três estudos laboratoriais complementares, comparando pessoas diagnosticadas com EM, doentes com outras doenças inflamatórias e não inflamatórias do Sistema Nervoso Central e indivíduos saudáveis.
O estudo resultou na tese de doutoramento “Marcadores Biológicos na Esclerose Múltipla: Relevância no Prognóstico e Terapêutica”, apresentada à Faculdade de Ciências da Tecnologia da Universidade de Coimbra, em 2018.