Opinião: Upskilling e Reskilling: adapta-te ou “morres”
Charles Darwin proferiu, em “A origem das espécies’” ( 1859 ) a Teoria da Evolução: “sobreviverão os que melhor se adaptarem”.
A geração que hoje tem cerca de 50 anos assistiu a mudanças vorazes na forma como realizavam as suas tarefas. Tiveram reação rápida na adaptação necessária e, talvez por isso, estão tranquilos pensando que isso os mantém competitivos até se retirarem do mercado de trabalho. Porém, as mudanças tecnológicas são hoje mais rápidas que nunca e as pessoas que não as acompanharem ficarão com as suas competências obsoletas a breve prazo.
As mudanças trazidas pela Transformação Digital/Negócio Digital, pela Inteligência Artificial, Robotização de Processos, Agentes Inteligentes, Ciência de Dados, entre outros, não são compagináveis com assistirmos a uma ou outra ação de formação: elas requerem muito mais curiosidade em aprender, em atualização permanentemente e a um autoconhecimento que ajude a trilhar o melhor caminho individual para essas aprendizagens.
É fundamental atuar na oferta formativa para públicos experientes: a Academia já o reconheceu e disponibiliza cursos intensivos, microcredenciações, mestrados profissionalizantes (a palavra “mestrado” ainda pressupõe investigação, não atraindo ainda o público esperado) e pós-graduações. Há opções que podem ditar o falhanço: a quem se destinam?
Se traçarmos o perfil das pessoas que as frequentam, a maioria terá pouco mais de 30 anos, já que as pessoas com mais de 50, com emprego, perspetivam que não têm tanta necessidade de formação como os mais jovens. [Na última década lecionei centenas de horas em Pós-graduações, Mestrados e MBA e é muito raro ter estudantes com mais de 45 anos]. Quais são as abordagens de aprendizagem que aí estão previstas?
Habitualmente, métodos expositivos, com pouca interação com os participantes, não ouvindo as experiências individuais cuja partilha seria útil, para além de pouco ser retido do que só ouvimos. Metodologias ativas e aplicadas, debates, resoluções de desafios em pequenos grupos, visitas, simulações, idas a conferências, tudo o que possa contribuir para que o nosso cérebro desperte e se interesse pela novidade, seriam muito mais eficazes.
Preocupa-me ouvir pessoas perto dos 60 anos referirem que estão “quase reformadas”. Temo que, com estas mudanças urgentes, os anos que as separam desse momento sejam penosos para elas e para as organizações onde trabalham empresas e que essa postura venha a ditar o alívio de todos quando se ausentarem. É esse o legado que queremos após uma carreira de 45 ou mais anos de trabalho?