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Opinião: Pobres de Espírito

26 de julho às 17h50
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Cada um faz o que bem lhe dá gana com o respetivo dinheiro. Resulta da esfera individual e da liberdade de decisão. Era o que mais faltava eu, nós ou o estado podermos decidir onde o vizinho pode ou deve gastar o respetivo pecúlio.

Mas – há sempre um mas – quando os bilionários decidem expor ostensiva e publicamente os novos caprichos, então, ficam sujeitos ao escrutínio público e passa a ser aceitável fazermos juízos sobre os ditos comportamentos. A nova onda das viagens espaciais por puro hedonismo ou quiçá fetiche de Jeff Bezos (Amazon) e Richard Branson (Virgin) é pelo que pudemos ver um anacronismo dos tempos modernos.

Sinceramente, ver Bezos gastar mil milhões de dólares por ano neste seu novo projeto (Blue Origin) e Branson igual quantia na Virgin Galatic, para estarem 10 minutos a contemplar a Terra pela janela a 100 quilómetros de altitude, sem qualquer finalidade científica ou outra que não seja o que já chamam de turismo espacial é digno de campanha publicitária do Euromilhões. “A criar excêntricos todas as semanas”. Para dizer o mínimo!..

Para olharem a mesma Terra onde, atualmente, mais de 780 milhões de pessoas vivem abaixo do Limiar Internacional da Pobreza, ou seja, com menos de 1,90 dólar por dia. De acordo com as Nações Unidas se nada for feito para melhorar a saúde e a educação até 2030, aproximadamente 167 milhões de crianças vão viver na pobreza extrema.

É este contraste entre o prazer e a excentricidade de uns (poucos) e a necessidade extrema e a miséria de outros (muitos) que gera indignação e que não pode calar. A questão não é sobre liberdades, mas antes sobre responsabilidade cívica e de compromisso com os outros e com a sociedade.

Enfim, parece que para os pobres de espírito está guardado o reino espacial…

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