Opinião: O ingresso na Carreira Diplomática
Já neste espaço dei conta do Concurso de Ingresso à Carreira Diplomática, um dos mais difíceis e exigentes na nossa função pública. As provas do mais recente ( 29 de dezembro) dentro de dias vão, estou certo, chamar centenas dos nossos jovens altamente qualificados que irão lutar por cada uma das 27 vagas. Refira-se que o ingresso nesta Carreira realiza-se sempre pela categoria de Adido de Embaixada e terminará muitos anos depois, para os que aí chegarem, na categoria de Embaixador.
Foi em 1997 que comecei, com o diploma de Direito nas mãos, da nossa Alta e Sofia Universidade, após uma passagem pelo escritório do Dr. Alfredo Castanheira Neves e pela KPMG Portugal. O concurso era, na época, diferente, mas não menos desafiante.
Hoje, testados os conhecimentos de português, inglês e francês, os candidatos submetem-se a uma maratona de provas de Relações Internacionais, História e História Diplomática Portuguesa; Direito Internacional Público e da União Europeia; e Política Económica e Relações Económicas Internacionais. Os exames escritos e orais, sequenciais e eliminatórios, concluem-se com uma entrevista profissional. Nesta, mais que as datas, expressões idiomáticas ou antigos tratados, avalia-se a aptidão para o que é uma singular e honrosa, mas também difícil, Carreira. Pouco importam os talentos para as línguas ou o profundo conhecimento de obscura jurisprudência, se ausente está no candidato o sentido de Estado, de missão, de serviço à Nação que é Portugal. Aí o candidato demonstra que é capaz de integrar a Carreira e de se juntar às fileiras de mulheres e homens que diariamente representam o nosso País nos altos círculos de negociação internacional; que negoceiam, em Bruxelas, as decisões portuguesas e europeias no Conselho da UE; que içam a bandeira e assistem os nossos compatriotas nos mais recônditos cantos do globo, colocando muitas vezes em risco a sua própria vida; que, em Lisboa, nos serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou no Governo norteiam, com a sua experiente análise e prudentes conselhos, a política externa da República.
Nada conheço de mais honroso, nada me deixa mais orgulhoso, que ver novas gerações de futuros diplomatas darem os mesmos passos que eu próprio dei, quando segui aqueles que antes de mim percorreram os corredores das Necessidades nesses primeiros meses de 1998, diploma de Direito nas mãos e sentido de dever no coração.
Boa sorte a todos!