Opinião: “Modelo de imigração da Austrália-uma oportunidade para Portugal?”
A imigração é um tema quente a nível mundial, especialmente na Austrália, pois desde 1980 conta com uma imigração líquida anual de cerca de 1% da população total (e cerca de +160 Portugueses por ano nos últimos 20 anos).
Para residir e trabalhar na Austrália legalmente, é necessário um visto que segue regras claras. O processo é estruturado, com requisitos que diferem por tipo de visto, e há princípios que se aplicam a todos os vistos, por exemplo, ser capaz de falar inglês para facilitar a integração na sociedade.
De modo sucinto, o tipo de visto e o respetivo número de “vagas” resultam da identificação de carências de mão de obra e qualificações, que servem para emitir uma lista com profissões e requisitos necessários para obter cada visto.
As grandes vantagens desta abordagem são 1. Processo claro e estruturado para quem se candidata, 2. Permitir uma gestão proativa do talento nacional e 3. Tomar decisões que suportem as necessidades do país. Aliás, o fluxo contínuo de imigrantes tem alimentado o crescimento da população (30% em 20 anos), tendo sido uma das principais ferramentas para o crescimento consistente do PIB e a base do chamado “milagre económico Australiano”.
Contudo, existem desafios, como a acusação frequente de que a Austrália é demasiado dura com imigrantes ilegais (o tenista Novak Djokovic pode confirmá-lo) e imigração ser usada como arma de arremesso pelos políticos populistas, que culpabilizam os imigrantes pelos preços do imobiliário – apesar de ser a falta de mão de obra estrangeira um dos fatores que mais contribui para o problema.
Apesar de reconhecer que a realidade portuguesa é bastante diferente, parece-me que se pode aprender com a Austrália para melhorar a abordagem e as decisões políticas de modo a tirar o melhor partido da imigração, sem comprometer os valores e a cultura Portuguesa.
Pode ler a opinião na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS