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Opinião: Lobby por Portugal

22 de abril às 11h12
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As ímpares cerejeiras florescem à sombra do Monte Fuji, mas os périplos das últimas semanas levam-me com maior frequência às antecâmaras de salas de reunião, câmaras de comércio e conselhos de administração.
Estas démarches, que tanto espelham as que envidei em Portugal antes de partir para Tóquio, são a outra face da mesma moeda das relações bilaterais luso-nipónicas. Em território nacional, deram-me conta dos negócios e oportunidades, cultura e burocracia que os nossos empresários e compatriotas identificam no Japão. Em terras nipónicas, cumpro agora o dever de o confirmar e adaptar a estratégia nacional às idiossincrasias locais. Aqui reside a arte da diplomacia.
Entre muitos que tive o prazer de visitar, foi com gosto que me encontrei com o Grupo Isetan Mitsubishi, proprietário das mais importantes department stores do Japão; com Ken Hasebe, Mayor de Shibuya, um dos mais dinâmicos municípios da área metropolitana de Tóquio; com a administração da maior federação de negócios japonesa, a Nippon Keidanren; com o Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Japonesa, Paulo Ramos; e com o Diretor Executivo da Associação Japonesa para a Exposição Universal de 2025, em Osaca, onde impera termos uma presença marcante. Já na Sakura Japan Women’s Wine Awards vi mais de 200 vinhos portugueses em amostra, num total de 4600 de 25 países.
Em todos estes exercícios de lobby institucional procuro dar a conhecer o potencial da economia e empresas nacionais, mas também, e particularmente nestas primeiras semanas, compreender in loco a singular cultura empresarial japonesa, tão presente em dezenas de filmes que todos, no Ocidente, conhecemos. No exigente “vórtice de Tóquio” e na sua cultura milenar, a cortesia da entrega de um cartão de visita pode ser tão decisiva na conclusão de um negócio milionário como os lucros previstos.
Fica, para já, a certeza de que numa vasta área de investimento bilateral, no qual saliento as energias renováveis e o mercado de luxo japonês, temos valências invejáveis que devemos aproveitar e que merecem uma estratégia feita à medida.
As cerejeiras floriram efémeras por duas semanas. Até brotarem novamente, continuarei nestas austeras salas de reuniões japonesas a cimentar as relações privilegiadas e parcerias essenciais à prossecução do Portugal moderno e competitivo que, no seio da terceira economia mundial, tenho o dever – e o prazer – de promover.

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