Opinião: Japão: País de oportunidades
O Japão é um país vasto, populoso e diverso no qual devemos apostar mais e melhor, em todas as áreas. É aqui, neste imenso arquipélago, que temos de mostrar o Portugal moderno e competitivo para ancorar futuras estratégias de crescimento e diversificação económica.
Sobreposto ao mapa da Europa, este país alonga-se da Madeira a Frankfurt. Demograficamente, é maior do que Espanha e França juntas. Os dois centros metropolitanos de Tóquio e Osaca são maiores do que Nova Iorque e Londres, e equiparam-se aos maiores da Ásia. Aqui decidem-se políticas económicas, avanços tecnológicos, hábitos de consumo e tendências culturais que definem os modos de vida de centenas de milhões de habitantes por toda a grande Ásia e além dela.
Um verdadeiro universo de possibilidades que não é, ainda, a imagem que perpassa no nosso imaginário popular. Nos manuais escolares, o Japão é retratado como o último país a ser “tocado” pelas Descobertas e integrado na nossa rede global de comércio e missionação. Entre a chegada dos Portugueses em 1543 e hoje, abundam episódios de encontros e desencontros mútuos, tão bem ilustrados por alguns dos nossos melhores escritores, como o Padre Luís Fróis ( 1532-1597 ) com o seu “Tratado das Contradições e Diferenças de Costumes entre a Europa e o Japão”, ou Wenceslau de Moraes ( 1854-1929 ), que escreveu “Dai-Nippon” ou “Relance da Alma Japonesa”. Mas a esse relacionamento falta a malha de relações e conhecimentos entre os nossos dois países que, não obstante a distância, importa revitalizar de forma criativa e sustentada.
Na diversidade japonesa há mil e uma oportunidades a explorar. A começar pelo “vórtice” de Tóquio, onde tudo se compra e se vende, como em Osaca e Nagóia, com a sua maior extravagância de gostos e consumos. Cada uma das oito grandes regiões do Japão merece a sua própria estratégia e campanha de aproximação, até porque seis delas possuem mais habitantes do que Portugal.
O património histórico e cultural luso espalhado pelo Japão constitui um ativo de enorme importância para esta aproximação. Ele cria-nos ligações, estabelece pontos de referência e abre oportunidades que convém aproveitarmos. Não por acaso, é invejado por muitos dos nossos competidores diretos, que, por vezes, enfrentam maiores dificuldades em penetrar neste exigente e sofisticado mercado. Mas temos de ir mais além. Muito mais além.
Na comunidade estrangeira no Japão há um famoso ditado, alegadamente proveniente da China, que reflete o deslumbre de quem aqui chega: «Na primeira semana terás impressões para escrever um livro; após um mês, um capítulo; volvido um ano, apenas alguns parágrafos; e ao fim de dez anos, umas meras frases». Como novo embaixador no Japão, continuarei a escrever estas crónicas para aprofundar as plurisseculares relações que nos unem, e que tanto ainda deixam por explorar.