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Opinião- Inteligência Artificial

13 de dezembro às 13h39
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O plano de recuperação e resiliência (PRR), prevê investimentos no total de 16,644 milhões de euros, afetando, à transição digital, unicamente 2,44 milhões de euros.

A Resolução do Conselho de Ministros (RCM) 98/2020 reconhece que a economia digital é hoje uma força motriz do crescimento económico e da competitividade da economia e um driver de transformação de natureza transversal.

A digitalização está hoje na agenda política, mas a sua génese remonta a 2018, ano em que OCDE monitorizou a área de investigação e desenvolvimento e de produção científica portuguesa, e “puxou as orelhas” ao XXI Governo Constitucional pelo paupérrimo desempenho, expresso no indicador representativo deste tipo de investimento relacionado com o Produto Interno Bruto, que se situava, na altura, em torno de 1%, sendo um dos mais baixos a nível comunitário.

A atitude do Governo, apesar de reativa, foi veloz ao aprovar, em março de 2018, duas Resoluções do Conselho de Ministros – 25/2018 e 26/2018 – que definem as linhas orientadoras, as estratégias, as iniciativas ou os planos de ação, suscetíveis de fomentar o turn around, ou seja, reverter o conteúdo do relatório.

Nasceram, assim, as denominadas “linhas orientadoras” orientadas para uma “Estratégia de inovação tecnológica e empresarial para Portugal, 2018 – 2030”, e o programa “Iniciativa Nacional Competências Digitais e – 2030 – INcoDE 2030”.

Seguidamente, aparece o documento Estratégia Nacional de Inteligência Artificial, que pretende desenvolver e promover a investigação da narrow intelligence, em prol do seu fortalecimento e aplicação em campos como a administração pública, o ensino, a formação e as empresas. Estes documentos estão integrados nas linhas diretivas da Comissão Europeia que visam orientar os Estados Membros na formação, desenvolvimento e utilização da inteligência artificial (IA).

A estratégia definida, prevê metas ambiciosas, talvez platónicas, ao pretender colocar, em 2030, Portugal como líder europeu, e porque não mundial, em quatro áreas emergentes fundamentais: processamento da linguagem natural, IA para a tomada decisão em tempo real, IA para o desenvolvimento de software e computação avançada.

Parece sensato nunca afirmar que algo é impossível, porque, de facto, as coisas são no máximo improváveis, mas nunca irrealizáveis.

O projeto, tendo subjacente a sabedoria popular de que devemos correr sempre atrás dos nossos sonhos, porque sem eles não chegarmos a lugar nenhum, e ainda porque as esperanças nunca devem morrer, aspira, deseja, quer e cobiça, de forma empenhada, pelo menos formalmente, a modernização da administração pública através de um programa que tem como objetivo apoiar atividades de pesquisa e desenvolvimento que contribuam para o fortalecimento das competências científicas e tecnológicas, para lidar e gerir os volumosos dados gerados pela Administração Pública central e local e combiná-los com dados de outras fontes para estruturar e informar as nossas políticas públicas e o processo de tomada de decisão, que devem ser mais apoiados por evidências empíricas, e não por instituições, opiniões, palpites ou sondagens, e, em última análise, mudar a prestação do serviço público de um paradigma reativo para um paradigma antecipativo, apoiado em tecnologias de IA na administração pública, ou seja, fazer uma verdadeira e exemplar reforma da administração pública que nenhum governo ainda conseguiu, e, em simultâneo, passível de servir de modelo padrão à iniciativa privada.

A dúvida é um princípio de sabedoria, segundo o pragmático Aristóteles… A linha programática do documento, ao conectar os dados com a inteligência artificial, está concetualmente correta, sendo, deste modo, inatacável sobre o ponto de vista teórico, mas, como diz Daniela Braga, CEO da DefinedCrowd, que integra a task force de Bidden para a inteligência artificial, ao jornal Expresso, em 14 de agosto de 2021, “ideias toda a gente as tem, mas a execução é que conta”.

No caso concreto, e para bem de todos nós, espera-se que o desvio entre o estimado e o realizado não tenha a dimensão de um oceano, ou mesmo do mar Morto, mas o tamanho de um riacho, mas de água transparente, pois, pretender passar da última posição à primeira, atendendo a que, em 2021, Portugal ainda ocupa uma das últimas posições, apesar do empenhamento da iniciativa privada, é obra e é um sonho! Oxalá se realize.

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