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Opinião: Há plásticos…plásticos e plásticos

11 de julho às 10h51
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Já reparou que na rotulagem de um produto fabricado em plástico, existe um número (de 1 a 7 ) impresso no centro de um triângulo formado por setas? Esse número tem a função de identificar o tipo de plástico, pois os plásticos que utilizamos, direta ou indiretamente no nosso dia a dia, não são todos iguais e, por esse motivo, o seu destino final, é diferenciado.

Os produtos de plásticos podem ser agrupados em termoplásticos e em termofixos. Os primeiros podem ser aquecidos sem que as suas propriedades químicas se alterem e, portanto, podem ser reciclados e os segundos não fundem mesmo a altas temperaturas pelo que não são recicláveis ou são de difícil reciclagem

Os plásticos que se enquadram na categoria termoplástico são os seguintes:
PET (Politereftalato de etileno) – este plástico identificado com o número 1 no triângulo formado por setas, é utilizado na fabricação de embalagens e garrafas para uso alimentar e hospitalar, de frascos de cosméticos, de fibras têxteis, entre outros produtos. O PET é altamente reciclável desde que não esteja misturado com fibras de algodão. A sua desvantagem é que é produzido a partir do petróleo.

PEAD (polietileno de alta densidade) – este plástico, identificado com o número 2 no triângulo formado por setas, é ainda mais resistente que o anterior sendo utilizado na fabricação de caixas de plástico, embalagens para produtos de limpeza, baldes, óleos e tintas, sacos de supermercado, contentores de lixo, embalagens de cosméticos e de produtos de higiene, entre outros produtos. O PEAD é altamente reciclável sendo obtido tanto a partir do petróleo, o que é uma desvantagem, como de fontes vegetais (plástico verde).

PVC (policloreto de polivinila) – este plástico, identificado com o número 3 no triângulo de formado por setas, é utilizado na fabricação de brinquedos, peças de automóveis, tubos de água e de esgoto, discos de vinil, embalagens para medicamentos, janelas, entre outros produtos. Não sendo integralmente composto por petróleo é um material muito utilizado por ser rígido, transparente, se desejável, e resistente à temperatura. A adição de plastificantes (ftalatos) para vencer a rigidez do PVC na sua forma pura, apresenta consideráveis riscos para a saúde humana. Se bem que reciclável, deve-se ter em consideração as dioxinas, furanos e PCBs que são um subproduto das reações químicas presentes no ciclo de vida deste plástico.

PEBD (polietileno de baixa densidade) – este plástico, identificado com o número 4 no triângulo formado por setas, é um plástico flexível e leve sendo utilizado na produção de filme plástico, tampas de garrafas PET, entre outros produtos e é um plástico reciclável.

PP (polipropileno) – este plástico, identificado com o número 5 no triângulo formado por setas, é rígido e resistente a mudanças de temperatura, sendo utilizado em seringas descartáveis, embalagens para alimentos, tubos para águas sanitárias, entre outros produtos. É um material reciclável, mas o seu processo de reciclagem não é tão simples como outros tipos de plástico atendendo à sua estrutura química. Este plástico possui uma variante designada por BOPP que é um plástico metalizado de difícil reciclagem e que é normalmente utilizado na embalagem de aperitivos salgados, bolachas e doces.

PS (poliestireno) – este plástico, identificado com o número 6 no triângulo formado por setas, é uma resina dura e transparente assemelhando-se ao vidro ou mesmo ao acrílico. Este plástico pode ser reciclado. Este plástico pode ainda ser produzido de outras formas, como seja esferovite (EPS – poliestireno expandido); poliestireno resistente ao calor, utilizado em eletrodomésticos ou automóveis entre outros produtos; poliestireno cristal, utilizado em caixas de CD, utensílios domésticos e copos descartáveis entre outros e poliestireno de alto impacto que se obtém quando se adiciona borracha ficando o material mais resistente, este plástico é utilizado em cabides, bandejas para alimentos, peças para automóveis, entre outros produtos.

OUTROS – este plástico identificado, com o número 7 no triângulo formado por setas não pertence às categorias anteriores ou resulta da combinação de vários tipos de plástico. Assim, a sua reciclagem é difícil ou mesmo impossível.
Os tipos de plástico que se enquadram na categoria termofixos são, entre outros, os seguintes:

PU (poliuretano) – apresentam flexibilidade, são leves e apresentam resistência à abrasão, é utilizado em espumas para colchões, esponjas para louça, pranchas de surf infantis entre outras utilizações, é um material de difícil reciclagem.

EVA (acetato-vinilo de etileno) – apresenta resistência e flexibilidade ao mesmo tempo, é utilizado em equipamentos desportivos, brinquedos, solas de calçado desportivo, entre outras utilizações. Este material não é reciclável.

BAQUELITE – é uma resina sintética resistente ao calor e que é moldável na fase inicial de fabricação de um produto, já em desuso ainda se encontra em rádios, interruptores, telefones e casquilhos de lâmpadas vintage sendo um material de difícil reciclagem.

RESINA FENÓLICA – esta resina apresenta bom comportamento térmico, resistência térmica e mecânica podendo ser aplicada como isolante térmico ou elétrico, no fabrico de bolas de bilhar, adesivos, tintas e vernizes entre outras utilizações, sendo um material não reciclável.

Esta sistematização não se esgota aqui e pode ainda ser muito mais detalhada à luz da ciência dos polímeros, mas o que sabemos é que os plásticos representam atualmente um enorme problema ambiental e que o seu processo de reciclagem, quando possível tecnicamente, é teoricamente simples, mas apresenta dificuldades quando a sua triagem não é bem efetuada e quando os produtos são fabricados e postos à venda integrando diferentes tipos de plástico. Qualidade do produto reciclado e preço são também variáveis nesta equação. Estas e outras dificuldades na reciclagem de plásticos, não devem ser usadas como oportunidades para se proceder à reciclagem energética dos plásticos, processo que consiste na incineração de resíduos de plástico para aproveitamento energético.

A problemática dos plásticos e a necessidade de diminuir drasticamente a sua utilização e aumentar a sua reciclagem, reutilização e redução e/ou recusa de utilização, está situada na primeira fila das preocupações ambientais e de saúde pública a nível, europeu e nacional.

A este respeito deixo a sugestão de visitarem a página do Pacto Português dos Plásticos, iniciativa liderada pela Associação Smart Waste Portugal, bem assim como dois sites dedicados aos resíduo de plástico como a página “resíduos de plástico e reciclagem na EU: factos e números”, e a página “as medidas da UE para reduzir os resíduos de plástico” e por fim o relatório “The Circular Economy for Plastics – A European Analysis 2024”, publicado pela plataforma Plastics Europe.

Autoria de:

António Veiga Simão

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