Opinião: Diante da guerra – onde está Deus?

Se Deus é todo poderoso porque é que não termina com a guerra? Porque é que permite que crianças inocentes morram nas maternidades ou no meio dos escombros.
Às vezes imagino que Deus também faz a mesma pergunta – onde está o homem? Como é que os homens podem matar os seus irmãos? A troco de quê? Qual o sentido? Mas será que Deus é mesmo todo poderoso? Será um todo poderoso tipo ‘super-homem’? Se é todo poderoso porque é que não faz nada. Se não é, que interesse tem ser Deus?
No mais profundo da revelação cristã Deus revela-se como amor ( 1Jo 4,8.16 ). Se é amor não se pode negar – só pode ser aquilo que é. Eis a sua grandeza e o seu limite. Deus não pode tudo, Deus só pode o que o amor pode.
O amor é que é criador, é poderoso, é capaz de fazer milagres. O poder do amor é o poder mais forte. Só os fracos se vingam. Perdoar é de fortes. É preciso coragem e grandeza para pedir desculpa, para assumir os erros, para voltar a trás.
Deus revela-se no amor de muitos gestos, na generosidade de muitas mãos, no acolhimento de muitas pessoas. A solidariedade, o voluntariado, a entrega, o serviço, a oferta de si… é um evangelho quotidiano e um rezar com as mãos.
Deus não pode alimentar guerra, invejas, vinganças… Deus não pode mandar castigos, doenças, catástrofes… Deus não pode matar crianças… O amor só poder amar. Contudo, o amor não se impõe, respeita a autonomia e a liberdade de cada pessoa. Caso contrário, não seria amor.
Deus está com o soldado russo que é enviado para a frente de batalha sem possibilidade de dizer não… Deus está com o soldado ucraniano que procura defender a pátria e a liberdade… Deus está nos políticos que procuram mediar a paz… Deus está com todas as pessoas que acolhem refugiados… Deus está com os que morrem inocentemente…
A paz e a construção da fraternidade é um caminho frágil e inacabado. A fraternidade precisa de gestos concretos e de palavras sinceras. Continuamos centrados nos interesses pessoais e nos objetivos individuais… Tanto que fica por acontecer nesta cronologia e nesta geografia que nos é dada.
Diante da guerra – onde está o homem?