Opinião: Democracia, ditadura ou … “democradura”

Na semana em que Portugal assinala viver mais dias em democracia do que em ditadura, a designada “casa da democracia” brinda-nos com uma das manifestações mais antidemocráticas que vivenciámos nos últimos anos, assim evidenciando o quão ténue é a linha que separa dois regimes totalmente opostos e o quão temerosos e dependentes de protagonismo estão os partidos políticos que se assumem como propugnáculos da liberdade.
Por definição, em democracia, através do sufrágio universal, é garantida a equidade entre cidadãos, nomeadamente através quem os representa, pelo que a não eleição dos representantes dos partidos políticos que não fazem parte do designado bloco central para as vice-presidências do Assembleia da República constitui um obvio atropelo a um obrigatório e saudável respeito pela vontade popular.
Não estando em causa a identidade de cada um de nós com as políticas e demagogias dos partidos que se posicionam nos extremos do “hemiciclo”, pois essa foi escrutinada em eleições livres e democráticas, importa dissecar as motivações de muitos dos deputados, nomeadamente do Partido Socialista e do Partido Social Democrata, para agora contrariarem regras assumidas pelo Assembleia da República e vigentes desde o nascimento da democracia em Portugal.
Assinalar ao Partido Chega a não identidade com várias das políticas preconizadas será para a grande maioria de todos nós totalmente entendível, ainda que democraticamente questionável. Já vetar o deputado João Cotrim Figueiredo transpira estratégia política, pouco saudável, e profundamente antidemocrática.
Tal como diz o provérbio Japonês, “a reputação de mil anos pode ser determinada pelo comportamento de uma única hora”.