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Opinião: “De parvis grandis acervus erit”

02 de fevereiro às 10h27
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Na semana passada, tanto a Academia como a cidade de Coimbra foram apanhadas de surpresa.

Uma “super especialíssima” prova de Rally a ocorrer na mesma hora e local do que a Serenata Monumental.

Todo este caso está envolto em vários insólitos, desde a eventual coincidência ineditamente nocturna, ao desconhecimento da própria Universidade que iria acolher a prova.

Mas antes de chegar lá, esclareço uma outra confusão que atormentou os Futricas: A data da Queima das Fitas é, historicamente, na última semana de Maio.

Fruto do episódio do Boné, que já por aqui referenciei em tempos, o Cortejo da Queima das Fitas realizava-se sempre a 27 de Maio, independentemente do dia da semana, e a restante festa era organizada à sua volta.

Por questões de calendário Académico, em meados dos anos 80, a semana começou a antecipar-se.

No ano de 2019, por já não se verificarem estas condições, a data foi corrigida para voltar a estar perto da histórica. O que levou à polémica deste ano.

Da parte dos Estudantes, nada temos contra a realização da prova, nem sequer vemos incompatibilidade com a nossa festa.

No entanto, quando há a arrogância de assumir que é a Queima das Fitas que deve ser alterada algo vai muito mal.

É anátema para com a história e valores desta cidade que no espaço de um ano se realize o maior evento cultural da pandemia, a Serenata Monumental, onde até d’além mar vieram elogios aos Estudantes -e à cidade por conseguinte-, e no ano seguinte a descuremos para prioridade secundária face a um evento que pouco ou nada diz a Coimbra.

Nem a Câmara nem os seus habitantes podem ser complacentes com este caso de pura gentrificação cultural!

A Tradição de Coimbra não é uma conveniência para ficar bem nas redes sociais nas alturas que convém.

É um legado histórico, e a maior expressão de identidade cultural da cidade que a eleva a um nível internacional! O busílis da questão não é haver um em troca de outro, mas sim como compatibilizar os dois eventos para maior benefício da cidade.

Os Estudantes gostam e querem ver o Rally na cidade de Coimbra.

Mas isso não pode ser alcançado ao custo do já parco silêncio existente no largo da Sé Velha.

E da mesma forma que dizem não ser possível alterar a data ou moldes do Rally, os Estudantes também não aceitarão outra Serenata que não no coração Universitário.

A voz do fado serviu sempre de alento a gerações de estudantes, uma coisa pequena que nutre algo muito maior – parvis grandis acervus erit. Madrasta da Cidade, se escolher pelo contrário!

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