Opinião: “Conceptualizar”
O conceito é a trave mestra do raciocínio. O raciocínio é a estrutura encadeada que gera ideias e estas deviam ser a pauta de uma conversa. Se defendo o SNS é porque defendo igualdade entre os direitos das pessoas. Se defendo menos impostos é porque tenho o conceito do prémio do esforço, o conceito da meritocracia. Por outro lado, se defendo a saúde para todos não quero o zero absoluto para ninguém e assim construiu-se a “afirmative action” para ajudar as franjas que tinham menos oportunidades. A generalidade destes apoios já conflitua com o apoio do mérito. Assim a conceptualização é a pirâmide que gera o discurso político e por essa razão a liberdade é um direito inviolável aos liberais e um harmónio para os falsos liberais. A liberdade de decidir mal é um pagamento que está subjacente na própria ideia de votar. O votante é todo igual, todo tem um voto e quer saiba o que faz, quer leia uma linha, ou não saiba ler, vale o mesmo. Assim os estruturados construtores de realidades, as empresas multinacionais e os políticos, desde há décadas, passaram a usar os meios de comunicação social para garantir a escolha da massa acrítica. Vota e compra segundo o poder e o dinheiro investido em sedução, mesmo que mentindo, mesmo que vulgarizando, mesmo que culpabilizando, “desvalorando” a concorrência. “Fazer a justiça não é para mudar o mundo, é um meio de proteger a sociedade” disse Gimbernat Ordeig em “estudos de dereito penal”. A “corruptela de formigueiro” é a ideia que podemos inferir da sociedade que se transforma num carreiro onde os poderes não se mudam, onde as opções acabam por ser meras plásticas de um conceito imutável. Os chefes parecem-se, as missões perpetuam-se e os destinos sucedem-se iguais. Esta estrutura social termina sempre no fascismo punitivo, no apontar do dedo acusador e na penalização do infractor. “A formiga no carreiro vinha em sentido contrário!” Exemplos de tudo isto que estou a dizer? A Madeira e o fascista punitivo. O novo aeroporto para Lisboa e a construção de uma ideia”. A perpetuação da TAP e a “falsa meritocracia”. A criação de professores avulsos e uma errónea afirmative action.
O conceito governativo de António Costa é baseado na ideia de acordo à esquerda, mas cativado na execução. Depois vem a ditadura da comunicação social que ele sustentou em chorudos apoios, que lhe garantiram o discurso viciado com que defende ideias sem contraditório. Construiu personagens (os especialistas) que nunca são confrontados com os pares de ideias divergentes, em directo, em cenário limpo, transparente e livre. Claro que isto não é António Costa, isto é a realidade de mais de 80% dos que chegam ao poder, guiados e levados pela mão invisível de corporações e empresas que têm uma agenda de negócio imparável, que neste momento manda no Ocidente, seja quem for que governa!