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Opinião: Cidade criativa

07 de julho às 12h30
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As novas tecnologias, a globalização, as modificações socioeconómicas e ambientais a nível mundial, contribuem decisivamente para a necessidade de requalificação dos espaços urbanos, de modo a que seja possível organizar as relações sociais que se estabelecem no seu interior, transformando-os em espaços economicamente sustentáveis, de relações de trabalho estáveis e de convívio harmonioso.
Desse modo, quanto maior for a abertura para a prática de manifestações culturais diversas e quanto mais espaços públicos estiverem disponíveis e abertos à sociedade, mais a cidade se fortalece na sua criatividade e inovação social, combatendo as desigualdades sociais muitas vezes instaladas, fruto das perspetivas diferentes de olhar a realidade, dos residentes e das crescentes populações imigrantes.
Uma cidade para ser criativa deve ser encarada como uma entidade emancipadora, que facilita a expressão das singularidades, a reivindicação e a manifestação das diferenças e da diversidade.
Uma cidade criativa será assim aquela que seja capaz de identificar a criatividade como um fator estratégico para o seu desenvolvimento urbano e económico sustentável, colocando as indústrias criativas no centro dos seus planos de desenvolvimento, fortalecendo a criação, produção, distribuição e difusão de atividades e de bens e serviços culturais, melhorando o acesso e a participação na vida cultural, de toda a população e em particular dos grupos mais vulneráveis.
Inicialmente, uma “cidade criativa” era considerada como um lugar onde os artistas desempenhavam um papel central e onde a imaginação definia os traços e o espírito da cidade. Ao longo do tempo, as indústrias criativas, do design à música, das artes do espetáculo às visuais, começaram a ocupar um papel impulsionador da sua atividade económica, pela criação da identidade urbana ou fator de geração de rendimento, turismo e imagem.
Deste modo, é necessário entender o impacto da criatividade nas cidades. Quando as cidades começam a conceber a cultura não como um gasto, mas como um investimento, ou, ainda, como um recurso para atrair investimentos e gerar rendimento, elas fazem-no por considerarem os bens e serviços culturais como recursos estratégicos, que podem contribuir para a revitalização económica desses núcleos urbanos.
O conceito de cidade criativa tem decorrente o de economia criativa, com o desenvolvimento baseado em valores únicos, com a sua oferta de experiências singulares, com a sua proposta de descobertas de culturas e de tradições, de legados e de fruição do património.
A criatividade urbana é caracterizada por uma dimensão territorial localizada em polos, bairros ou regiões que apresentam potenciais culturais criativos capazes de gerar o desenvolvimento integrado e sustentável, aliando integridade e promoção de seus valores culturais e sociais.
O termo ‘cidade criativa’ é abrangente e não tem uma definição única. Consideram-se cidades criativas os espaços urbanos onde a economia de negócios baseada no capital intelectual, cultural e criativo, tem destaque. São espaços que promovem interações entre agentes sociais, culturais e económicos, abertos a experimentação e inovação, onde são geradas ideias que promovem o desenvolvimento de um meio melhor para se viver, trabalhar e usufruir.
É importante ressaltar que a conexão entre a cultura e a inovação são eixos norteadores de uma cidade que pretenda ser criativa. A cidade criativa estimula talentos diversos e viabiliza que os mesmos gerem negócios. Nas cidades criativas, a inovação, a cultura e a sua conexão são ativos centrais da criação de valor.
Uma Cidade Criativa reinventa-se continuamente para se tornar melhor, é capaz de olhar para o que já lá está de uma nova forma, por um outro ângulo, promovendo a conectividade entre pessoas e lugares.
Coimbra tem feito o seu caminho, mas é necessária uma maior dinâmica por parte dos interventores públicos e privados, para que se imponha como uma cidade criativa, já que a cultura deverá ter um papel determinante nas características técnicas do planeamento e desenvolvimento urbano e não como mero acessório marginal.

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