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Opinião: “Briosa minha briosa

06 de maio às 12h15
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Escrevo hoje sobre algo porventura mais próximo das leitoras e leitores deste Diário. Na verdade, nem em Macau, nem em Dakar, nem em Tóquio, deixo de acompanhar com atenção e sentido crítico o que se passa em Coimbra, cidade onde nasci, cresci e me formei, eternamente dona da minha juventude.
É, pois, com pesar que vi a Académica descer novamente de divisão, desta feita à terceira (Liga 3 de forma eufemística), onde jogará pela primeira vez na sua história. Com todo o respeito que me merecem os clubes de todas as divisões, que verdadeiramente movem o futebol e os seus apaixonados, um clube que tanta emoção desperta, não só em Coimbra, mas por Portugal inteiro e pelas nossas Comunidades pelo mundo, ser novamente relegado merece uma análise – também aí – crítica.
Primeiro, porque a Académica representa mais do que a sua performance desportiva. Essa, como em todos os clubes, terá os seus anos de glória e de azares. A discussão de táticas e jogadores deixo-a para outros comentadores. A Académica é todo um símbolo: de futebol, sim, mas também de Portugal, de Coimbra, da sua Universidade, Alta e Sofia, dos seus estudantes, de gerações que há séculos se deslocam de todo o território nacional, das grandes cidades às pequenas aldeias e vilas e até, em tempos, do Ultramar, para estudar na mais antiga universidade do país. Une-os os tempos de estudante, a felicidade de ser jovem em Coimbra, os fados e os copos, a paixão por este clube que os representa. Todos terão, como eu, um clube de origem ou de família. Mas a Académica terá, sempre, um lugar especial nos nossos corações.
Ver, assim, a Comissão Eleitoral da Académica anunciar o anulamento das eleições, marcadas para 15 de maio, por inexistência de candidaturas, numa Associação nascida a 3 de novembro de 1887 (mais antigo clube em atividade na Península Ibérica), entristece-me profundamente, até porque é um sinal que ultrapassa as desfortunas do clube. Revela-se, sim, mais uma trágica síndrome da longa marcha de Coimbra para a irrelevância. Uma cidade que se tem por terceira (!) do país não pode aceitar a permanência do seu passado nos livros de História enquanto vê o desaparecimento da relevância nacional no presente e futuro. Acatar uma posição de mero prestígio histórico não se coaduna com o desenvolvimento e prosperidade que merecem a cidade e os seus habitantes – como se vê pelo caso da Académica.
Pois que se desperte, em todos os conimbricenses e estudantes, venham donde vierem, o calor que nos movia e que moveu gerações, nesta que foi em tempos capital de Portugal. Coimbra tem uma história invejável, mas devemos ter os olhos no futuro, com um plano e uma estratégia concretos e realizáveis. Que se comece pela Académica, querida Briosa, e que se faça da minha cidade e das suas instituições inveja outra vez.

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1 Comentário

  1. Poortugues diz:

    Uma pequena questão… quantos dos senhores doutores indignados pela descida de divisão da Académica viram sequer um jogo no último ano no estádio? Ou até nos últimos cinco anos?
    Coimbra é uma cidade que vive de aparências e de "direitos por decreto" só porque os senhores doutores acham que devem ser superiores aos outros…

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