Opinião: Bélgica volta a apostar no nuclear

O recém-criado Governo belga quer prolongar a actividade do seu parque nuclear e pensa mesmo em construir novos reactores.
De momento, o território conta com sete reactores repartidos por duas centrais: Doel (Flandres oriental) e Tihange (Liège).
A coligação governamental liderada pelo conservador flamengo Bart De Wever fez o anúncio no dia seguinte à tomada de posse. A decisão revoga a lei belga de 2003 sobre a saída do nuclear e está inscrita no acordo entre os cinco partidos da recente coligação.
Inicialmente, de acordo com a lei votada em 2003 (com a participação d’ Os Verdes no Governo federal), todo o parque nuclear belga – explorado pelo grupo francês Engie – deveria ser interrompido até ao final de 2025. No entanto, o contexto da guerra na Ucrânia, a dependência ao gás russo e o aumento dos preços da energia, levou ao prolongamento por dez anos (até 2035 ) dos reactores.
De acordo com a lei belga de eliminação gradual de energia nuclear de 2003, os sete reatores nucleares do país deveriam encerrar suas atividades até 2025. Porém, em março de 2022, diante das preocupações com a segurança do fornecimento de energia devido à crise no setor e à guerra entre Rússia e Ucrânia, o governo da Bélgica decidiu manter as operações dos dois locais por mais 10 anos. A União Europeia aprovou em Fevereiro uma extensão das operações de dois reatores nucleares na Bélgica, o Doel 4 e o Tihange 3.
Agora, o novo Governo quer não só alargar a capacidade do parque nuclear em quatro gigawatts, mas também construir novos reactores. Os protestos não se fizeram esperar – o nuclear é considerado demasiado caro, lento e perigoso – os ecologistas apontam para soluções como os parques eólicos e os painéis solares.