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Opinião: A queda

12 de fevereiro às 11h18
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Depois de conhecer os resultados é tudo mais simples. Eu falhei redondinho, como uma bola a descer do passeio para a ravina. Olhei pasmo como a bola pulava, como a bola saltava e agarrei as crianças que queriam ir no encalce. Desceu até ao fim do vale e lá ficará onde a preguiça a sustente. António vai governar livremente durante quatro anos se as instituições que reduzem a força das maiorias não tiverem de o impedir, ou se cumprir seu mandato com serenidade, e desta vez, montando um destino que necessita alterações e reformas substanciais.
Não há negócios, não há submissão de exigências, mas há uma constituição por limite, tribunais independentes do poder do governo, e uma presidência. Assim Trump não desequilibrou a América e desse modo Biden está confinado à democracia. Eu não imaginei a maioria absoluta de António. Não a queria. Não votei por ela, mas tenho dezenas de razões que não vi explanadas nos debates eleitorais. Eu sou contra a desmatação de Portugal para impedir fogos. Sou contra as matilhas de pets que assustam as pessoas nas cidades para agradar políticas sem firmeza. Sou contra fechar as centrais de carvão antes de ter havido chuva suficiente. Sou contra o aeroporto no Montijo e por uma melhoria franca da pista da Portela.
Sou contra o fim de instituições porque um canalha as adulterou, como o assassinato de um ucraniano acabar com o SIS. Sou a favor de reformas na recolha do lixo, na reeducação do espírito gastador, por uma educação que frene/reduza o consumo. Sou completamente a favor do registo electrónico das propriedades em curso. Sou desfavorável à TAP como entidade pública. Um comboio com bitola europeia e em ramais que reduzam a necessidade de automóveis é um passo em frente. As discussões sobre cibersegurança e a falta de qualidade do Estado português pejado de computadores obsoletos e técnicos de envergadura discutível.
A política de segurança e prevenção de fogos é outro desastre que custa milhões. Ou seja, não faltava temática para falar nas eleições, mas uma construção bem sórdida levou todos os debates para o chega sim ou não. As televisões são do António e os outros não percebem nada de estratégia e de orientação da realidade. Foi tudo elaborado e bem cumprido. Assim fosse o PS que nos vai governar, focado em fazer um Portugal melhor.
O PS não teria a maioria absoluta se o CDS e o PSD tivessem concorrido juntos, pois a soma dos dois alterava o método de Hondt e mudava o cenário presente. Quiseram tramar o parceiro e foram todos apeados. Sim, a minha bola caiu pela ravina, mas não fui só eu. Agora estamos no domínio dos comissários políticos, na força dos porteiros, na gestão de quatro anos de empregos de família e amigos. Vamos ter a exigência dos sindicatos que andavam coniventes com a geringonça e saltar para as greves, para a luta de classes. Portugal mudou muito no 30 de Janeiro e muitas vidas mudarão também. O PS tem de fazer as suas definições estratégicas, que estarão desenhadas no orçamento. Pode desfazer-se de cativações, pode fazer apostas claras. O melhor de Sócrates maioritário foi assim, o resto é que não correu tão bem. Há dinheiro, há maioria, há um presidente com baixa manobra de acção.

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