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Opinião “A liberdade de Abril”

29 de abril às 11h55
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No mês em que Portugal assinala mais um aniversário da Revolução dos Cravos e em que, pela 1ª vez os dias em liberdade ultrapassaram os que o que vivemos em ditadura, nada mais oportuno que falar deste direito fundamental, tão maltratado nos últimos tempos mas que nem por isso deixa de ser o verdadeiro baluarte da dignidade da pessoa humana.
Após dois anos de combate a uma pandemia que a todos nos paralisou e confinou, o mundo vê-se confrontado com uma grotesca e hedionda invasão a um país soberano, por parte de quem nutre profundo desrespeito por conceitos que se julgavam impenhoráveis pós 2ª Guerra mundial como o multilateralismo, humanismo, solidariedade e demais, elementares, valores universais.
Nestes dois meses de consecutivas violações ao direito internacional e às mais básicas leis da própria guerra, importa realçar algumas boas ações, as quais nos fazem continuar a acreditar que o bem triunfa sempre. Foi, pois, impressionante assistir à imediata onda de solidariedade para com os milhões de refugiados, na sua maioria mulheres e crianças, por parte de uma Europa unida a uma só voz, assim como é comovente ver a tenacidade do povo ucraniano liderado por um inspirador Presidente que luta incansavelmente contra um invasor, em nome da liberdade da sua nação, como tão bem nos relatou aquando do discurso que dirigiu ao povo português no Parlamento Nacional.
Concomitantemente, a vitória de Macron representa, para além de um enorme alívio, a garantia da proteção dos direitos fundamentais e a manutenção dos alicerces europeus, no país das liberdades, fundamental para a UE.
Tudo isto se vai passando ao mesmo tempo que as autoridades de Shangai impõem a 5ª semana de confinamento compulsivo a 25milhões de habitantes, muitos deles a passarem provações sanitárias e/ou de subsistência básica impensáveis na capital financeira da 2ª economia do mundo. Paralelamente, Pequim, corre o risco de, também ela entrar em confinamento, devido à manutenção da política covid-zero implementada no país, a qual e, no que a Macau diz respeito, tem vindo a provocar danos acentuados na economia do território.
Num Macau em alerta máximo devido à eminência de um surto local, Hong Kong vai acordando do pesadelo, autorizando, a partir de Maio ( 2 anos depois) a entrada de estrangeiros na cidade. Por fim, uma nota final para o cancelamento dos prémios de jornalismo sobre direitos humanos, organizado desde 1996 pelo Clube dos Correspondentes Estrangeiros em Hong Kong devido à incerteza sobre as famosas linhas vermelhas do que se encontra, ou não, autorizado face à nova Lei de Segurança Nacional vigente no Território.
Perante tudo isto, que o Abril livre e plural em nós persista e sirva de inspiração e de referência para todos os demais.

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