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Opinião – À deriva

08 de agosto às 12 h28
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a) A TAP não é viável e isso está escrito de forma muito clara na carta que a Comissária Europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, enviou ao Governo Português. Coloca em causa o plano de restruturação, diz que não compreende o controlo excessivo de slots em Lisboa e levanta sérias dúvidas sobre a viabilidade da empresa.
A grande argumentação do Ministro das Infraestruturas e de toda a geringonça, com o BE à cabeça, era de que a TAP é essencial para o HUB de Lisboa, o qual, segundos eles, é fundamental para o turismo e para a diáspora. Ora, a comissão europeia argumenta que os SLOTS da TAP são demasiados (tem cerca de 60% dos slots do aeroporto de Lisboa), quando comparados com os da concorrência (Ryanair e Easyjet que têm 10% cada), distorcendo a concorrência. Isso significa que a TAP, em sérias dificuldades e a caminho de ser 100% estatal, teria de ceder uma parte desses slots. Ora isso, está em contradição com a justificação para investir dinheiro público na TAP (a manutenção de uma empresa nacional para garantir o HUB de Lisboa), pelo que a carta de Bruxelas significa três coisas:
1 ) As ajudas do Estado podem ser ilegais;
2 ) Distorcem a concorrência;
3 ) O plano de viabilização está comprometido, pois, com a redução de slots a empresa não é viável, nem é compreensível a injeção de dinheiro público.

b) No entanto, apesar de tudo isto, os compromissos políticos são os de “investir” o dinheiro dos contribuintes nesta empresa. A mesma decisão não foi tomada na DIELMAR. Aparentemente a empresa não é viável, mas o know-how acumulado, os empregos e o facto de ser uma empresa do interior (Castelo Branco) não são atenuantes para apoiar a empresa e “investir” na sua restruturação.

c) Finalmente, à falta de propósito, o Ministério da Coesão Territorial decidiu recriar aquilo que se fazia no século XVI e XVII que era transportar gelo da serra da estrela para lisboa, permitindo assim à corte ter gelados e bebidas frescas. Não é uma anedota. É um luxo dos tempos modernos, feito num carro, guiado pela ministra, para… bem, para demonstrar que a Coesão Territorial tem a sua razão de ser. Anedótico. Quando li esta novidade no Twitter do Ministério da Coesão Territorial, com fotos da Ministra como motorista de uma pick-up com duas caixas em esferovite para transportar o gelo, fiquei a pensar como nenhuma das pessoas envolvidas percebeu o ridículo em que estava a colocar a Ministra.
Um país à deriva, no verão e que ignora totalmente o que aí vem.

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