Opinião: 150 dias sem Governo
Com as voltas e reviravoltas que o mundo tem dado recentemente, ninguém repara que a Bélgica está em piloto automático desde 9 de Junho. As eleições federais abriram uma crise que conta já com 150 dias sem solução governamental.
Depois de 5 meses de negociações políticas, não se prevê para breve qualquer acordo para a governação do país.
Pior, o “facilitador” nomeado pelo rei para procurar entendimento entre os partidos políticos apresentou na segunda-feira a sua demissão, assumindo um bloqueio total nas negociações. Apresentou a demissão ao rei pela segunda vez (a primeira foi logo em Agosto), mas o monarca deu-lhe mais uma semana para conseguir uma solução milagrosa. O próximo capítulo joga-se então a 12 de Novembro.
O “facilitador real” Bart De Wever tenta encontrar uma coligação funcional, uma espécie de “geringonça”, mas o principal desacordo entre os partidos envolvidos centra-se no futuro programa sócio-económico, e parece não haver cedências de parte a parte. As organizações patronais começam a impacientar-se e a alertar para a urgência de votar um orçamento e lançar reformas estruturais necessárias ao país.
A Bélgica tem alguma tradição em longas crises políticas. Em 2007/08 estivemos 194 dias à espera de um novo Governo; em 2010/11, um recorde de 541 dias foram necessários para a criação de um novo governo, naquela que constituiu a mais longa crise política da história contemporânea europeia. E agora? Agora não sabemos.