Menina de São Tomé internada no Pediátrico de Coimbra faleceu

Elisabete Bom Jesus, uma menina de 15 anos, residente em São Tomé e Príncipe, faleceu hoje, no Hospital Pediátrico de Coimbra, confirmou fonte da ULS. A jovem tinha dado entrada na instituição hospitalar há cerca de duas semanas, depois de ter sido vítima de um crime bárbaro que ocorreu em junho, na terra natal.
Recorde-se que a menina chegou ao Pediátrico “em estado clínico muito frágil, totalmente dependente, acompanhada pela mãe e por um indivíduo, que se apresentou como médico interno da especialidade de Cirurgia Cardiotorácica”. Mais tarde, as autoridades viriam a constatar que o suposto médico “não possui qualquer licenciatura em medicina reconhecida em Portugal, nem é médico interno” da especialidade.
Crime bárbaro
O caso chocou a comunidade são-tomense: Elisabete Bom Jesus estava sozinha em casa (na vila de Pantufo, arredores da cidade de São Tomé) quando um grupo de homens assaltou a residência. A mãe ter saído para trabalhar. Quando regressou a casa encontrou a filha agredida e com fitas adesivas nas vias respiratórias, o que obstruiu oxigenação ao cérebro, e deixou a menina em estado vegetativo. Elisabete, que foi também violada, ficou em coma e esteve 42 dias nos cuidados intensivos do Hospital Central Ayres de Menezes.
Após vários meses internada, foi encaminhada para a casa e, de acordo com a imprensa local, “não teve acesso à junta de saúde para tratamento especializado no estrangeiro, porque a avaliação médica considerou que a situação é irreversível”.
Contudo, graças à mobilização de muitos cidadãos, impulsionados pelo ativista social Apolinário Zeferino, foi lançada uma campanha de angariação de fundos e apoios que conseguiu mais de 10 mil euros para garantir a transferência da menina para tratamento em Portugal.
Elisabete acabaria por falecer hoje, depois de meses de sofrimento. Em São Tomé e Príncipe, a Polícia Judiciária ainda não identificou os suspeitos do crime.