ICNAS quer desenvolver ciclotrão único no Mundo

O Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) pretende avançar, tão breve quanto possível, para a instalação de um ciclotrão único no Mundo. Esta proposta insere-se no ICNAS 2.0 – projeto a nascer junto às atuais instalações – e onde será possível “criar isótopos que permitam identificar e tratar, por exemplo, os tumores”. A ideia foi ontem dada conhecer pelo diretor deste instituto, Antero Abrunhosa, durante a cerimónia de inauguração do tomógrafo PET (Tomografia por Emissão de Positrões).
Perante a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, o responsável explicou que este ciclotrão permitirá juntar a terapêutica ao diagnóstico. “Tendo em conta que nós já provámos nestes últimos anos o que somos capazes de fazer ao nível do diagnóstico, agora propomos dar esse salto para a terapêutica”, disse. Para que seja único no mundo, este ciclotrão deverá incorporar “uma tecnologia que estamos a desenvolver e que denominamos de CICLINAC”. “Será um desafio para as nossas equipas, principalmente numa área em que Coimbra se afirma cada vez mais como um polo de excelência”, frisou.
40 a 50 milhões de investimento
Para que tal seja possível, é necessário construir um novo edifício junto ao atual espaço. O projeto já existe e reunirá o ICNAS 2.0 e as novas instalações da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. O acordo entre as duas entidades já está conseguido, faltando apenas o principal: financiamento. É que o valor previsto para a instalação do ciclotrão e a construção do edifício ronda os 40 a 50 milhões de euros.
O reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, salientou a importância que este projeto terá para o futuro do ICNAS. “Em 10 anos, através do ICNAS , mostrámos que poupámos mais de 50 milhões de euros ao país e somos hoje autossuficientes ao nível nacional da produção de radiofármacos. Depois do reconhecimento nacional e internacional, queremos não perder esse comboio e, para isso, temos de ter o ICNAS 2.0 e dar um passo em frente”, frisou.
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, mostrou-se entusiasmada com este projeto e “pediu” ao vogal da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Jorge Brandão, para que seja possível incluir este investimento nos próximos fundos comunitários. Na prática, “é um equipamento novo no mundo, que para além da imagem permite fazer simultaneamente o tratamento daquilo que se vê, naquilo que há de mais inovador no mundo”. A governante realçou que este projeto “trará multinacionais, que depois estarão interessadas em desenvolver medicamentos ligados a este projeto e fomentará a criação de novas empresas neste extraordinário ecossistema de inovação que temos aqui na região”.