Cantanhede inaugura no domingo novo Museu da Arte e do Colecionismo
O novo Museu da Arte e do Colecionismo de Cantanhede (MACC) é inaugurado no domingo, com base em centenas de milhar de peças, doadas àquele município, pelo médico e político Cândido Ferreira, já falecido.
Reunindo cerca de uma centena de coleções, o MACC está organizado em grandes áreas de colecionismo: “pintura, mobiliário e artes decorativas portuguesas, arqueologia de todas as civilizações, artesanato do mundo, história do dinheiro, história postal, temas de bibliografia e afins e colecionismo dito popular”, informou o município de Cantanhede, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.
O museu, que deverá ser inaugurado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de acordo com informação disponível na página na internet da Câmara Municipal, pretende constituir-se como “uma referência nacional e internacional”, e nasce, segundo a autarquia, “de uma virtuosa conjugação de vontades”.
“Por um lado, de um colecionador privado que abdica da propriedade de um acervo para o disponibilizar ao público, por outro o município de Cantanhede, que disponibiliza os seus recursos humanos, técnicos e financeiros, para assumir responsabilidades sobre o destino desse mesmo acervo”.
O novo equipamento cultural, que a Câmara Municipal garante ser único na região, está instalado no centro da cidade, “na sequência da reabilitação e adaptação da Casa do Capitão Mor, antiga Casa Municipal da Cultura, à qual surge agora justaposto um novo módulo construtivo implantado na área antes ocupada pelas antigas instalações da Escola Técnico Profissional de Cantanhede”.
“Estruturado a partir do programa museológico do professor doutor Fernando António Baptista Pereira e da museografia assinada pelo atelier P0-6, o MACC procurará celebrar a arte e o gosto colecionista mediante estratégias expositivas muito originais”, vincou.
Assim, de acordo com a autarquia, o novo museu alterna salas-arquivo e outros dispositivos de arquivo/vitrine dedicadas à História do Dinheiro (numismática e circulação fiduciária), à História Postal (filatelia e postais) e, ainda, às outras coleções (rótulos, relógios, canecas, caixas de fósforos, brinquedos, pins, aparelhos de rádio, entre outros objetos), com salas dedicadas a ambientes de colecionadores dedicados à pintura, escultura e às artes decorativas dos séculos XIX e XX.
O edifício possui ainda “uma galeria de exposições temporárias aberta ao intercâmbio de produções internas com produções internacionais”, um jardim que será futuramente destinado a feiras de colecionismo “que vão procurar fazer de Cantanhede a capital do colecionismo em Portugal” e uma cafetaria.
Cândido Ferreira, médico especialista em nefrologia, nasceu na freguesia de Febres, em Cantanhede, e morreu em Leiria, onde residia, em março de 2023, aos 74 anos.
Para além do exercício da medicina, destacou-se como ensaísta e romancista e também na atividade político-partidária, tendo sido militante e dirigente do Partido Socialista, do qual se desvinculou em 2011.
Foi candidato à Presidência da República, em 2016, tendo ficado no último lugar entre 10 candidatos, com pouco mais de 10 mil votos, numas eleições ganhas à primeira volta por Marcelo Rebelo de Sousa.
Em abril de 2019, a Assembleia Municipal de Cantanhede aprovou a atribuição de um voto de louvor e reconhecimento a Cândido Ferreira, na sequência da doação do seu acervo, “tendo em conta o inestimável benefício que o seu gesto de benemerência representa para o concelho, ao nível da oferta de serviços culturais e do reforço da atratividade do território”.